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Lontra vive há meses em casa de banho de parque biológico

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Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade ainda não arranjou um espaço para o animal

O acolhimento difícil de uma lontra é o caso «mais frustrante» entre os animais recolhidos no centro de recuperação do Parque Biológico de Gaia, pois o animal vive há meses numa casa de banho, noticia a Lusa.

A lontra macho chegou ainda bebé, em Agosto de 2009, ao Parque Biológico de Gaia, pelas mãos de um vigilante da Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, em Aveiro. Este centro, criado em 1983, acolhe animais feridos, na sua maioria selvagens, e tem por objectivo fazer tudo para que possam ser restituídos à natureza.

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A responsável pelo centro de recuperação de animais selvagens, Vanessa Soeiro, contou à Lusa que a lontra está «em perfeitas condições para ser libertada», mas que o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) ainda não arranjou um espaço.

Quando ali chegou, o centro de recuperação estabeleceu a idade do animal em dois meses e meio e alimentou-a a biberão até voluntariamente começar a comer sólidos. Vanessa Soeiro adiantou que, cerca de um mês depois de feito o desmame, o centro pediu ao ICNB que desse instrução quanto ao destino a dar ao animal, mas até hoje ele continua a viver numa casa de banho.

Depois de meses em cativeiro, agora é impossível devolver a lontra à sua vida selvagem e o seu destino permanece indefinido.

«A última resposta que recebemos do ICNB referia que realmente era já irrecuperável a sua restituição à natureza e que estavam a ser desenvolvidos esforços para lhe encontrar um local», afirmou a veterinária.

Para a responsável, este é, sem dúvida, o caso «mais frustrante» entre todos os que chegaram ao centro em 2009.

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«Inesperados são todos os casos de animais ali acolhidos, mas este foi e é o mais frustrante, porque a lontra macho está em perfeitas condições e encontra-se aqui a viver numa casa de banho», sustentou.

O Parque Biológico de Gaia conta com quatro lontras em cativeiro, mas juntar esta às outras é, para a veterinária, «inviável, porque perturbaria os casais já feitos e estariam todos sujeitos a agressões».

Relativamente aos outros animais acolhidos, a responsável lamenta que muitos deles, em especial as tartarugas, cheguem muito doentes, com carências alimentares graves.

«Vende-se o kit completo, o aquário com a palmeirinha e a tartaruga, com a caixinha com os camarões, mas a maior parte não sobrevive seis meses», alertou a veterinária.

2660 animais

O Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Parque Biológico de Gaia recolheu 2660 animais no ano passado, quase mais 25 por cento do que em 2008.

De acordo com a versão provisória do relatório de actividades de 2009, citado pela Lusa, a maior percentagem de animais entregues no parque chegou pela mão de particulares (51 por cento), seguido da polícia municipal (18,3 por cento) e Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (15,4 por cento).

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Dos animais vivos selvagens entregues, apenas foi possível libertar 59,2 por cento, «valor que se deve em grande parte à libertação imediata de alguns animais apreendidos».

«Quanto aos irrecuperáveis (230 animais) que são acolhidos na colecção do Parque Biológico de Gaia, a sua maioria são domésticos», acrescenta o relatório.

Este centro transferiu ainda para outros locais idênticos 58 animais, principalmente aves de rapina, porque ali seria «impossível dar seguimento ao seu completo processo de recuperação por falta de instalações adequadas, nomeadamente câmaras de muda e túneis de voo».

A classe das aves foi também a que registou maior representatividade em 2009, com 66,2 por cento das entradas, seguida da classe dos répteis (14,9 por cento), um valor que se deve, em grande parte, às 274 tartarugas exóticas ali deixadas.

Desde a sua abertura, há quase três décadas, o centro já acolheu 18 794 animais.

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