Golfinhos desligam parte do cérebro - TVI

Golfinhos desligam parte do cérebro

  • Portugal Diário
  • 4 jan 2007, 13:51

Estudo revela que animais «desligam» alternadamente partes do cérebro e, por isso, não precisam de dormir

As partes do cérebro dos golfinhos «desligam-se» alternadamente fazendo com que não precisem de dormir, um fenómeno único entre os mamíferos, conclui um estudo publicado numa altura em que se celebra o Ano Internacional do Golfinho, escreve a Lusa.

Segundo biólogos da Universidade de Carolina em San Diego, Estados Unidos, o «mistério do sono» à volta dos golfinhos, que há muito tempo intrigava especialistas, deve-se à capacidade que estes animais têm em desligar alternadamente uma parte do cérebro para descansar, enquanto a outra parte se mantém activa.

Este fenómeno explica o facto de os golfinhos não dormirem semanas após o parto, estarem sempre em alerta e serem capazes de reagir imediatamente mesmo que se encontrem a descansar, de acordo com o estudo citado esta semana pela revista alemã Die Welt e que data de Agosto de 2006.

A descoberta foi feita através de uma experiência com um sinal acústico, ao qual o golfinho reagia, tendo os investigadores norte-americanos analisado durante cinco dias seguidos as correntes cerebrais do mamífero, comprovando assim as «alterações das partes cerebrais».

Após cinco dias de teste, nos quais o animal não descansou, os investigadores efectuaram análises ao sangue do golfinho, não tendo estas indicado qualquer indício de cansaço ou qualquer rasto de stress, como a adrenalina ou acréscimo de células brancas.

Em declarações a agência Lusa, o presidente do «Projecto Delfim», Manuel Eduardo dos Santos disse que não conhece o estudo, mas que a «questão da função assimétrica do cérebro dos golfinhos, que também é utilizada para manter a respiração de forma voluntária, já é conhecida desde os anos 70».

«Não julgo que seja um trabalho totalmente inovador, embora os investigadores norte-americanos possam ter avançado num aspecto que, até agora tinha sido ignorado [que é a relação das funções cerebrais com o sono]», acrescentou.

Para o presidente da associação científica que reúne investigadores, estudantes universitários e simpatizantes dos mamíferos marinhos, «os golfinhos têm vindo a sofrer uma série de agressões ao seu ambiente provocadas principalmente pelo homem e, consequentemente, há muitas espécies, como o goto do Golfo da Califórnia que se encontram em vias de extinção eminente e várias outras espécies fortemente ameaçadas».

Para contribuir para a preservação dos golfinhos e alertar o mundo para as ameaças as quais este animais estão expostos, o «Programa das Nações Unidas para o Ambiente e a Convenção sobre Espécies Migratórias» e outros acordos especializados na conservação dos golfinhos, decidiram fazer de 2007 o Ano do Golfinho.

Em Portugal, o principal esforço na defesa dos golfinhos concentra-se no Rio Sado, onde «ainda existe uma das poucas populações de golfinhos concentradas e residentes na Europa», tendo a protecção e conservação desta espécie «uma grande importância ecológica e cultural para o país».
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