A miragem da descida dos juros - TVI

A miragem da descida dos juros

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Quem faz um novo empréstimo bancário irá deparar-se com spreads mais elevados

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A descida das taxas de juro nos últimos seis meses não está a reflectir-se inteiramente nos novos contratos de crédito à habitação.

Tudo porque, ao mesmo tempo que as Euribor caem, os bancos aumentam os spreads.

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As instituições admitem que o aumento do risco e as dificuldades de financiamento levam a restrições na concessão de empréstimos e a spreads mais elevados, que raramente são inferiores a 0,5% e que podem mesmo ir além de 1%.

Segundo dados do Banco de Portugal, os cinco maiores bancos admitem não só o aumento dos spreads, nalguns casos «significativo», mas também condições mais apertadas: encurtamento do prazo e redução do empréstimo.

A prática é legal para os novos contratos, como admitem as associações de defesa do consumidor, que vêem a situação com «preocupação».

À Agência Financeira, a Associação Portuguesa dos Utilizadores e Consumidores de Serviços e Produtos Financeiros (Sefin) frisou que, nesta altura de crise, «o país precisa de estímulos à economia, sendo necessário apoiar socialmente as famílias». O presidente, António Júlio de Almeida, diz também que a prática «é legal e até se compreende, tendo em conta as condições do mercado».

O CDS-PP propôs uma limitação na subida dos spreads, uma sugestão que não foi acolhida pelo ministro das Finanças. Contudo, a caixa do correio dos democratas-cristãos tem recebido queixas de consumidores, com empréstimos já contratualizados, que viram os spreads alterados, «após terem retirado a domiciliação bancária das contas da água, luz ou gás. É verdade que as pessoas assinam contratos que obrigam à domiciliação de contas. Mas são regras escritas em "letras pequeninas"», frisa Diogo Feyo.

O que é o spread?

O spread, além de ser a margem de lucro do banco, é também um reflexo do risco de o cliente não pagar o empréstimo. Se o cliente pede um alargamento do prazo ou uma cedência de capital, estas acções podem ser interpretadas como um sinal de dificuldades e, como tal, ditar um aumento do spread.

Simulação de empréstimo bancário

Para 100 mil euros a 30 anos

Euribor a seis meses - 5,22% (média mensal de Setembro)

Spread constante de 0,4%

581,64 euros/mês

Para 100 mil euros a 30 anos

Euribor a seis meses - 2,03% (média mensal de Fevereiro)

Spread constante de 0,4%

399,10 euros/mês
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