China quer que os Estados Unidos devolvam destroços do balão abatido - TVI

China quer que os Estados Unidos devolvam destroços do balão abatido

Mao Ning (AP)

Pedido foi feito pelo embaixador do país em França. Washington D.C. afirma que vários balões chineses foram avistados nos cinco continentes e já está a informar os aliados sobre estes aparelhos

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A China quer que os Estados Unidos devolvam os destroços do alegado balão-espião que sobrevoou o território norte-americano entre o final de janeiro e o início de fevereiro. O desejo foi comunicado pelo embaixador chinês em França, Lu Shaye.

"Se apanharmos algo na rua, devemos devolvê-lo ao proprietário, se soubermos de quem é”, disse, em entrevista ao canal francês LCI. "Se os americanos não o quiserem devolver, a decisão é deles. Isso demonstra a sua desonestidade", completou.

É a primeira vez que um oficial do governo de Pequim pede expressamente a devolução do aparelho abatido na costa leste dos Estados Unidos, mais concretamente ao largo da Carolina do Sul. O episódio motivou o cancelamento da visita de Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos, à China.

"Recentemente, os americanos têm feito muitas coisas contra a China. Mesmo que o sr. Blinken visitasse à China, não iria ser nada positivo", comentou Lu.

Também na terça-feira, quando questionada sobre se a China queria que os Estados Unidos devolvessem o balão, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim foi direta. “O balão não pertence aos Estados Unidos. Pertence à China”, afirmou Mao Ning, citada pela Bloomberg.

Entretanto, oficiais do governo de Washington D.C revelaram ao Washington Post que os balões chineses fazem parte de um “vasto programa de espionagem aérea”, e que balões como o que sobrevoou os Estados Unidos já foram avistados nos cinco continentes.

"O que os chineses fizeram foi pegar numa tecnologia incrivelmente antiga e, basicamente, casá-la com modernas capacidades de comunicação e observação. É um esforço maciço", apontou um alto funcionário, citado pelo jornal americano.

Na segunda-feira, à luz destas revelações, a vice-secretária de Estado, Wendy Sherman, informou cerca de 150 oficiais de perto de 40 embaixadas de países aliados sobre a espionagem que a China faz com recurso aos balões.

"Tem havido um grande interesse por parte dos nossos aliados e parceiros. Muitos deles reconhecem que também eles podem ser vulneráveis ou suscetíveis a isto”, referiu um funcionário de Washington D.C. Entre os países mais expostos estão Japão, Índia, Vietname, Filipinas e o território de Taiwan, refere o jornal.

À publicação, um oficial classifica a justificação avançada pela China, de que o aparelho seria um simples balão meteorológico que se desviou da rota, como falsa. "Este era um balão de espionagem da China. Este balão atravessou propositadamente os Estados Unidos e o Canadá. E estamos confiantes de que estava a tentar monitorizar locais militares sensíveis."

Apesar da tecnologia aparentemente rudimentar, o líder do Comité Especial para a China do Congresso dos Estados Unidos alerta para o potencial destes aparelhos. "Para aqueles que têm uma visão otimista sobre as capacidades reais de recolha de informações deste balão, penso que estão a subestimar as formas criativas que o Exército de Libertação do Povo poderá utilizá-lo, seja para fins de vigilância ou como plataforma para armas”, disse Mike Gallagher, também membro da Câmara dos Representantes pelo Partido Republicano.

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