Genoma de marsupial dá informações inéditas - TVI

Genoma de marsupial dá informações inéditas

  • Portugal Diário
  • 9 mai 2007, 18:00

Cientistas obtiveram indicações que podem abrir caminho para novos tratamentos

Uma vasta equipa internacional de cientistas obteve indicações inéditas sobre a evolução do sistema imunitário dos mamíferos ao sequenciar parte importante do genoma de um marsupial, indica hoje a revista Nature, noticia a Lusa.

O trabalho, que permitiu a identificação de entre 18 mil e 20 mil genes, foi realizado por cinco dezenas de geneticistas norte-americanos, australianos e canadianos coordenados por Kerstin Lindblad-Toh, professora do Broad Institute de Cambridge, ligado ao MIT (Instituto de Tecnologia do Massachusetts, nos Estados Unidos).

O genoma sequenciado é o do opossum americano (Monodelphis domestica), nativo da América do Sul.

Os marsupiais - caracterizados por terem uma bolsa ventral (marsúpio) para transportar os seus recém-nascidos, muito imaturos, até completarem o desenvolvimento embrionário - divergiram dos mamíferos placentários (como o homem) há 180 milhões de anos, em plena época dos dinossauros.

Os marsupiais australianos, entre os quais o canguru, e os do continente americano evoluíram de forma independente desde a separação do antigo continente Gondwana.

É entre as espécies do «Novo Mundo» que se encontra o opossum americano, semelhante a um ratinho, agora estudado pela equipa de Lindblad-Toh.

A análise do seu património genético revelou a existência de genes da imunidade, a maioria dos quais são comuns aos mamíferos placentários, segundo os autores do estudo.

Este primeiro «esboço de alta qualidade» do genoma do opossum contraria a ideia de que os marsupiais teriam ficado com um sistema imunitário mais primitivo em relação aos mamíferos mais evoluídos.

Com efeito, afirmam os investigadores, o do opossum revela que o antepassado de todos os mamíferos tinha um sistema bastante desenvolvido, muito antes da divergência dos dois grupos.

Esta espécie tem despertado um interesse crescente da comunidade científica por ser considerada um bom modelo para várias áreas de investigação.

Entre elas contam-se o estudo do melanoma maligno, um cancro da pele de que estes «ratos» sofrem após prolongada exposição aos raios ultravioleta, e da regeneração, já que os recém-nascidos têm a espantosa capacidade de reparar a sua espinal medula quando é seccionada.

A sequenciação deste genoma abre caminho ao desenvolvimento de novas terapias e tratamentos preventivos do cancro da pele, e permite também dar passos importantes na medicina regenerativa.
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