Saúde: combate às listas de espera «ineficaz»

As iniciativas dos últimos governos para combater as listas de espera tiveram poucos resultados positivos, revela uma auditoria do Tribunal de Contas sobre o «Acesso aos cuidados de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS)».

De acordo com o jornal «Sol», os juízes concluíram que o programa «não influenciou a produção, a produtividade e a eficiência financeiras» dos serviços de saúde públicos.



O Tribunal de Contas detectou que alguns pacientes chegam a esperar até cinco anos por uma consulta.

Esta situação fica a dever-se à deficiente articulação entre os centros de saúde e os hospitais, para a marcação de consultas de especialidade.

O caso mais grave detectado é o do Hospital Distrital de Faro, onde, se espera cinco anos entre a marcação e a realização de uma consulta de ortopedia.

Já no Centro Hospitalar de Coimbra, a espera por uma consulta de otorrinolaringologia atinge os dois anos e quatro meses.

O relatório final da «Auditoria ao acesso aos cuidados de saúde do Serviço Nacional de Saúde» foi aprovado esta semana pelo plenário de juízes do Tribunal de Contas.

A auditoria analisou em detalhe a implementação do sistema de gestão das listas de espera para cirurgia (SIGIC) nos hospitais públicos.

Segundo este relatório, onze por cento dos utentes que estavam em lista de espera para serem operados, no final de 2006, aguardavam há mais de dois anos pela cirurgia, e 16 por cento aguardavam entre um e dois anos.

Setenta e três por cento dos doentes tinham sido encaminhados para uma cirurgia há menos de um ano.

Apesar de ter introduzido melhorias, designadamente ao nível da centralização da informação e de maior transparência na relação com o doente, a implementação do SIGIC não atingiu «os objectivos de equidade no tratamentos do utentes e de rentabilização da capacidade dos hospitais».