Ricardo Salgado: medidas são «duras» mas «Orçamento é para cumprir» - TVI

Ricardo Salgado: medidas são «duras» mas «Orçamento é para cumprir»

BES

Presidente do BES diz que Portugal não está sozinho. «Crise é do mundo ocidental, dos Estados Unidos e da Europa», alerta

As medidas que constam do Orçamento do Estado para 2011 são «duras», mas têm que ser cumpridas devido aos compromissos assumidos na União Europeia e à atenta vigilância dos mercados internacionais, considerou esta terça-feira o presidente do BES, Ricardo Salgado.

«O Orçamento é para cumprir. Fácil não é com certeza, mas vamos ter os olhos todos em cima de nós, devido ao compromisso que temos com a União Europeia [de redução do défice público]. Por isso, vai ter que ser executado de uma forma ou de outra», salientou o banqueiro.

Segundo Salgado, que comentava o elevado patamar das taxas de juro da dívida pública portuguesa, «este acordo alcançado sobre o Orçamento vai no bom caminho».

Porém, o presidente do Banco Espírito Santo (BES) fez questão de salientar que «Portugal não está sozinho», uma vez que esta é «uma crise do mundo ocidental, dos Estados Unidos e da Europa», escreve a Lusa.

Crise provocou 30 milhões de desempregados

Recordando os números do Fundo Monetário Internacional (FMI), que na segunda-feira disse que a crise já provocou 30 milhões de desempregados em todo o mundo, Salgado justificou o valor com a «onda de deslocalização maciça da indústria para os mercados emergentes», em especial, para os países asiáticos.

«Não foram só os juros da dívida de Portugal que subiram [nos últimos dias]. A Grécia e a Irlanda também e nós fomos por arrastamento», considerou.

Sobre a Espanha, o banqueiro disse que o país vizinho «diferenciou-se dos outros países do Sul da Europa porque conseguiu obter um acordo no Parlamento mais rápido do que em Portugal, com medidas muito fortes que permitirão a redução da dívida pública».

Ainda no que toca ao Orçamento para o próximo ano, Salgado considerou que a aprovação na generalidade «foi o primeiro passo», mas que é necessário também que os partidos estejam de acordo na discussão na especificidade.

«Falou-se de um desencontro de 500 milhões de euros, mas parece que são 270 milhões de euros. É uma verba mais módica que pode ser acomodada com facilidade», antecipou.

«Pena que o acordo [alcançado com o PSD para a viabilização da proposta de Orçamento apresentada pelo Governo] não tivesse sido atingido há mais tempo. Podia não ter havido tanta deterioração [dos juros da dívida», argumentou.

Questionado pelos jornalistas no decorrer da apresentação dos resultados do BES nos primeiros nove meses do ano se espera um cenário de instabilidade política em Portugal para o ano, Salgado disse: «Não sou político, nem faço política. Mas não estamos em condições de perder mais tempo».

Por isso, desejou que «prevaleça o bom senso na classe política», dizendo que os portugueses têm «por hábito perder muito tempo».
Continue a ler esta notícia