CGTP diz que «vai provar hoje que Governo mente» - TVI

CGTP diz que «vai provar hoje que Governo mente»

Trabalhadores do Centro Nacional de Pensões contra edifício «em ruínas» (Lusa)

Governo e parceiros sociais estão esta terça-feira reunidos para discutir a evolução da contratação coletiva

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, afirmou que vai provar esta terça-feira com dados, em sede de Concertação Social, que o Governo «está a mentir» quando diz estar a dinamizar a contratação coletiva, quando está é a «torná-la moribunda».

De acordo com a Lusa, questionado à entrada para o Conselho Económico e Social sobre o aumento de 66% dos Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho (IRCT) em 2014 face ao ano anterior, Arménio Carlos respondeu: «É mais uma manobra de propaganda do Governo».

Arménio Carlos argumentou que «nunca como hoje» existem «tão poucos trabalhadores abrangidos pela renovação da contratação coletiva».

«Este documento que agora o Governo entregou é o libelo acusatório contra a política que até agora tem desenvolvido e que em vez de dinamizar a contratação coletiva está a deixá-la pura e simplesmente moribunda», frisou.


Arménio Carlos reforçou ainda que «os mesmos que dizem que estão a dinamizar a contratação coletiva foram aqueles que fizeram uma revisão da legislação laboral para a liquidar».

«É isso que vamos hoje demonstrar ao Governo, com números e factos concretos, para percebermos todos que quando o Governo assumiu que era preciso dinamizar a contratação coletiva, sistematizar e alargar o seu âmbito de cobertura aos trabalhadores, estava a mentir», sustentou.


O Governo e os parceiros sociais estão hoje a discutir a evolução da contratação coletiva, com base nos dados de 2014, que referem a publicação de 161 acordos coletivos, que abrangem 246.643 trabalhadores por conta de outrem.

De acordo com um documento de análise que o Governo enviou aos parceiros sociais, a que agência Lusa teve acesso, os 161 IRCT publicados no ano passado representam um aumento de 66% em relação a 2013 e uma aproximação aos valores de 2011, ano em que foram publicados 182 acordos coletivos.

Mas Arménio Carlos retoma os dados de 2000, quando existiam «400 convenções coletivas de trabalho acordadas e aplicadas», explicando que isso significava que os trabalhadores por elas abrangidos «viam atualizados os seus respetivos salários».

«Ora o que hoje temos são cerca de 161, sendo a maioria acordos de empresa que envolvem 10, 20, 30 trabalhadores. E é por isso que o número de trabalhadores abrangidos pela contratação coletiva está a baixar e que a média de eficácia das tabelas salariais anda na ordem dos 37 meses», disse.


O Governo e os parceiros sociais vão discutir hoje ainda as alterações aos Fundos de Compensação do Trabalho e de Garantia de Compensação do Trabalho.

Sobre a proposta apresentada pelo patronato e que deixa de fora do fundo de compensação os trabalhadores que estão numa empresa até três meses de trabalho, Arménio Carlos classificou-a como «mais uma tentativa de facilitar a vida aos patrões».

«Esta tese de dizer que num contrato de 15 dias para a agricultura tem que ser considerado como um período de experiência para não se pagar a indemnização ao trabalhadores não faz lembrar a ninguém, a não para aqueles que continuam a aproveitar esta onda da crise para irem tão longe quanto possível e continuarem a acumular lucros à custa da exploração dos trabalhadores», afirmou, defendendo que os trabalhadores «devem receber a respetiva compensação proporcional aos dias trabalhados».

«Estes fundos são mecanismos que foram criados para criar a ilusão na opinião pública de que os trabalhadores iam beneficiar alguma coisa. O que constamos é que não há benefícios por aí além, por isso é que vamos dizer que já que existem estes fundos então eles têm que ser rentabilizados para dar resposta aos trabalhadores, nomeadamente àqueles que perdem o emprego e continuam a não ter acesso a estes fundos», disse.


 Também esta manhã, a UGT defendeu um aumento da contratação coletiva e uma comparação com o período pré-troika.
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