Eslovénia fecha dois bancos para fugir a cenário de Chipre - TVI

Eslovénia fecha dois bancos para fugir a cenário de Chipre

Custos de liquidação do Probanka e do Factor Banka vão ser suportados primeiro pelos acionistas

A Eslovénia decidiu liquidar dois pequenos bancos, o Probanka e o Factor Banka, para evitar o mesmo destino de Chipre, que foi obrigado a pedir ajuda depois de uma crise financeira, considerou o governador do banco central local.

«Estas medidas foram tomadas para evitar uma possível corrida aos depósitos noutros bancos», disse Bostjan Jazbec numa conferência de imprensa em Lubliana, a capital da Eslovénia, acrescentando que o objetivo do banco central e do Governo é «evitar o cenário de Chipre».

Penalizado por empréstimos difíceis de cobrar, cujo valor ascende a 20% da economia eslovena, esta nação do Adriático, cujos bancos são, na sua maioria, públicos, esteve à beira de se juntar ao Chipre na declaração de incumprimento, em março, devido à retirada de ativos por parte dos investidores dos países considerados mais frágeis dentro da zona euro.

O Factor Banka, com sede na capital, e o Probanka, baseado na cidade de Maribor, têm um total de ativos de cerca de 2 mil milhões de euros, e vão sofrer uma liquidação controlada, acrescentou o governador do banco central na conversa com os jornalistas, citada pela Bloomberg.

As dificuldades destes bancos nos empréstimos explicam-se pelos cinco trimestres consecutivos de recessão, que empurrou as empresas sobre-endividadas para a bancarrota, e colocou os clientes particulares em grandes dificuldades.

Os custos de liquidação destes dois bancos vão ser suportados primeiro pelos acionistas, e a seguir pelos detentores de dívida subordinada do banco, afirmou o ministro das Finanças, Uros Cufer, na conferência de imprensa conjunta com o governador do banco central.

Ainda assim, acrescentou o governante, a Eslovénia vai emitir garantias estatais de mais de mil milhões de euros para que os dois bancos possam cumprir as obrigações para com os credores normais, ou seja, os pequenos e médios clientes.

Apesar de ter tido luz verde da União Europeia, a emissão de garantias estatais está a ser criticada por colocar mais pressão nas finanças públicas e ir contra as regras europeias sobre como proceder em caso de liquidação de bancos.

Em declarações à Bloomberg, o diretor da Capital Genetics, uma consultora financeira sedeada em Lubliana, Andraz Grahek, considera que o apoio estatal é «chocante», porque é dado a dois pequenos bancos «que não são nem importantes nem sistémicos» e porque as perdas «deviam ter sido suportadas pelos credores e pelos depositantes».

«Isto vai contra o conceito da união bancária e transfere um fardo para as finanças públicas de forma desnecessária», acrescentou o responsável, concluindo que a disponibilização de cerca de mil milhões de euros «é um erro e pode ter o efeito contrário, mostrando que há um estado de pânico».
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