A Hungria pode entrar em bancarrota admitiu esta sexta-feira um porta-voz do Governo do país que afirmou que o governo anterior «manipulou» e «mentiu» sobre o estado da economia.
Hungria: recurso ao FMI é única solução
«Não é nenhum exagero» falar em bancarrota, disse Peter Szijjarto, porta-voz do primeiro-ministro Viktor Orban, citado pela Bloomberg, acrescentando que a situação é «grave».
A comissão de inquérito ao estado da economia, chefiada pelo Secretário de Estado Mihaly Varga, vai apresentar os dados preliminares sobre o estado da economia no fim-de-semana. Só depois de conhecidos os resultados é que o executivo de Budapeste lançará um plano para a recuperação das contas públicas. Mas para já estima-se que o défice orçamental esteja nos 7% do PIB, em vez dos estimados 4%.
Exposição da banca portuguesa à Hungria é «residual»
No entanto, o responsável garantiu que o Governo não vai desistir de baixar os impostos. «As instruções são claras: cortes de impostos, simplificação do sistema fiscal, apoiar o crescimento económico e aumentar da competitividade», disse Szijjarto citado pela Lusa.
Bancarrota da Hungria pressiona mercados europeus
O forint, a moeda húngara, caiu esta sexta-feira 1,6% para 286,67 por euro. A moeda caiu quinta-feira 2,5% após Lajos Kosa, um vice-presidente do partido da oposição Fidesz Orban, dizer que a Hungria tinha uma «oportunidade muito pequena» para evitar uma situação semelhante à da Grécia.
Vários países do Leste na lista de maior risco
A Hungria acaba assim por ser o primeiro país do Leste da Europa a juntar-se à lista dos dez países com maior risco de bancarrota no mundo.
O país encontra-se na décima posição da lista e apresenta mais de 23% de probabilidade de incumprimento da sua dívida soberana, ou seja, de não conseguir pagar aos seus credores.
O custo dos credit default swaps (CDS), uma espécie de seguro contra a eventualidade de incumprimento, disparou para quase 390 pontos base, ultrapassando mesmo o risco nacional, de acordo com dados citados pelo «Expresso».
A Hungria, que acordou um programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a União Europeia e o Banco Mundial desde 2008, está, no entanto, longe de ser o único país do Leste da Europa a suscitar receios entre os investidores.
Outros três países começam a estar também na mira: a Roménia, que também já conta com a intervenção do FMI, e com uma probabilidade de default de 22%, e ainda a Bulgária e a Lituânia, cuja taxa de probabilidade anda nos 21%. A Letónia também está no top 10 e a Lituânia apresenta uma probabilidade de 18%.
Outros países no Leste da Europa apresentam riscos que merecem ser acompanhados, embora estejam fora da União Europeia: a Ucrânia, que está no quinto lugar da lista mundial com maior risco, e a Croácia (com uma taxa de 17%).
Medidas de Bruxelas e do BCE já não convencem
Começam a dissipar-se os efeitos das medidas tomadas pelo BCE e por Bruxelas para estabilizar a situação financeira da Europa, que passa pela compra de dívida pública dos Estados membros. O risco dos países envolvidos volta a subir e a Grécia continua a ser o terceiro país com maior risco, com mais de 47% de probabilidade de incumprimento.
Portugal está no 8º lugar, com mais de 27% e a Irlanda com 23%. Espanha está também acima dos 22% e a Itália perto dos 19%.
Uma realidade que se reflecte, uma vez mais, nos custos dos CDS: a Grécia está a pagar um prémio superior
Hungria pode entrar em bancarrota
- Redação
- CPS
- 4 jun 2010, 13:13
Vários países do Leste da Europa apresentam risco elevado. Há uma nova «bolsa» de ameaças
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