A agência de notação financeira Standard & Poor`s (S&P) colocou a dívida portuguesa sob observação negativa, o que deixa antever um provável corte de rating nos próximos três meses, ou seja, até final de Fevereiro de 2011.
A S&P, que atribui à dívida soberana de longo prazo uma classificação de «A-» e de «A-2» à dívida de curto prazo, admite que poderá cortar as notas, tendo em conta «o risco de Portugal recorrer ao fundo de estabilização europeu e as consequências que tal recurso poderá ter na posição de credores privados face a credores oficiais, depois de 2013».
«Em 2011, o governo minoritário português vai implementar um ambicioso programa de austeridade, com enfoque no corte da despesa. No entanto, vemos que o Governo fez poucos progressos nas medidas de estímulo ao crescimento para compensar o impacto orçamental negativo destas medidas de austeridade», refere a S&P.
Medidas do Governo com pouco efeito
A agência diz que a as medidas aplicadas pelo Governo pouco efeito tiveram no aumento da flexibilidade laboral e da produtividade.
Tendo em conta a «rigidez estrutural» da economia nacional, e a volatilidade a nível externo, a S&P prevê que a economia portuguesa se contraia pelo menos 2% em 2011 em termos reais. Uma previsão que tem também em conta o facto de Portugal pouco ou nada ter conseguido reduzir o seu elevado défice externo de balança corrente em 2010.
A somar às fracas perspectivas económicas, a S&P refere o elevado stock de dívida portuguesa detida por estrangeiros (54% do PIB), como tendo aumentado a vulnerabilidade do Governo à subida das taxas de juro. «Isto contribui para a grande necessidade de financiamento externo e aumenta a probabilidade de Portugal recorrer à ajuda da união Europeia», escreve.
Portugal tem três meses para mostrar o que vale
No entanto, a S&P não dá como certo o recurso de Portugal à ajuda externa. Caso o faça, ou caso as perspectivas económicas ou orçamentais se deteriorem ainda mais, a agência admite que de verá cortar o rating, mas avisa que, «mesmo que o faça, manterá a classificação portuguesa no nível de investimento».
E acrescenta que, se Portugal não recorrer à ajuda externa nos próximos três meses devido a uma execução orçamental melhor que o previsto ou à aplicação de reformas estruturais que favoreçam o crescimento, «veremos a probabilidade de Portugal precisar de ajuda externa como reduzida». E como tal, podemos reafirmar os ratings de «A-» e «A-2».
Sobre o sector financeiro, a S&P admite que a decisão de um eventual corte de notação à dívida pública, até Fevereiro, poderá ter impacto em cinco bancos portugueses: CGD, BCP, BES, Santander Totta e BPI.
S&P coloca rating nacional em alerta negativo
- Redação
- PGM
- 30 nov 2010, 21:27
Tudo será definido nos próximos três meses
Continue a ler esta notícia