Dívida: de quanto dinheiro precisa o país? - TVI

Dívida: de quanto dinheiro precisa o país?

Poupança

Portugal vai ter de se endividar para pagar dívida que vence e ainda para manter o Estado a funcionar

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Numa altura em que tanto se fala sobre um pedido de ajuda externa, vale a pena fazer contas. Até ao final do ano, Portugal tem de pagar 35 mil milhões de euros de dívida.

A 15 de Abril tem de saldar quase 4 mil e 500 milhões e em Junho outro tanto. O país vai ter de se endividar para pagar aos credores.

Contas feitas pela TVI revelam que Portugal se endivida 42 milhões de euros por dia. Ao ritmo de 1 milhão setecentos e cinquenta mil euros por hora, ou seja, 29 mil euros por minuto.

Para pagar as dívidas que vencem em Abril e Junho, Portugal vai usar nova dívida que tem vindo a contrair desde o princípio do ano: 12 mil 350 milhões de euros emitidos em bilhetes do tesouro e obrigações.

Mais idas ao mercado no segundo semestre

Como um obeso, também o Estado é incapaz de inverter o peso cada vez maior da dívida, à falta de uma economia musculada limita-se a empurrar os problemas com a barriga. Mas eles estão já ao virar da esquina. Até Junho, Portugal vai ter de pedir mais 7 mil 650 milhões de euros. Só assim conseguirá cumprir o calendário dos credores que esperam reaver 20 mil milhões de euros que empataram no Estado português. Mas as idas ao mercado serão muitas mais durante o segundo semestre.

Até Novembro o país terá de se endividar em mais 15 mil milhões de euros para pagar a dívida de igual valor. E além disso, terá de arranjar financiamento para assegurar o funcionamento do país, ou seja, terá de contrair mais dívidas para assegurar o funcionamento do Estado, para pagar salários, e tentar equilibrar o défice, por exemplo.

Ao mesmo tempo, Portugal concorre com adversários ferozes. Chamam-se juros, crescem meteoricamente, uma curva ascendente alucinante, enquanto, em contra-mão, a economia portuguesa cai a pique.

Lisboa vai seguir Atenas e Dublin?

Desta montanha russa quiseram sair os gregos e os irlandeses. Depois de voltas aos sins e nãos, Grécia e Irlanda lá disseram sim à pressão externa. Primeiro Atenas, depois Dublin, os dois recorreram ao fundo europeu de estabilização financeira. Um pacote de empréstimos que financia um país sem que este recorra ao mercado financeiro, aos investidores que ditam o valor dos juros a pagar pela dívida. O mesmo que tem feito disparar o endividamento português.

Mas o fundo europeu de resgate não está sozinho. Neste mecanismo de auxílio está o FMI, o fundo que é uma espécie de bela e do monstro. Para uns a entrado do fmi será o fim do país já para outros parece começar a ganhar peso a ideia de que não há bela sem senão. Há já quem avance que Portugal precisará de 75 mil milhões de euros para evitar a falência. O dinheiro está disponível. A Europa dará dois terços e o FMI um terço do total do fundo.

Por enquanto, o país político lembra a imagem que ilustra o comportamento dos sábios, mas de forma invertida. Entre quem pode decidir o futuro do país, fazem-se orelhas moucas, finge-se que não se vê a iminência do desastre e, todos se acusam, de que não falam do que interessa ao país.
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