O economista João Duque considerou que a venda de dívida pública a prazos que rondam um ano, como fez esta sexta-feira o Estado português, faz pensar que os responsáveis políticos não acreditam que estejam nos cargos quando as dívidas vencerem.
«Dá a ideia que as pessoas não estão convencidas que vão estar nos lugares para resolver o problema dentro destes prazos», afirmou João Duque, antigo membro do Conselho Consultivo do Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP), em declarações à agência Lusa.
«O que se está a fazer é deixar uma cadeira cheia de pioneses para o outro se sentar», acrescentou o economista, que preside ao ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão, e que criticou a opção do Estado português pela emissão de dívida de curto prazo.
«É uma política de financiamento de muito curto prazo que vai rebentar dentro de um ano. O próprio IGCP vai ter o problema dentro de um ano. (¿) Vamos seguramente ter de pagar isto que estamos a pedir emprestado, mais outros valores, que vão acumulando», afirmou o economista, que retratou a situação actual como «uma bola de neve, que neste momento está a ficar muito apertada».
No leilão de hoje, o Estado colocou 1.645 milhões de euros -mais do que os 1.500 milhões de euros indicativos - na linha de Obrigações do Tesouro com maturidade em Junho de 2012, a uma taxa de juro média de 5,793 por cento, abaixo do mercado secundário, mas acima da última emissão a um ano.
João Duque referiu que a colocação de hoje «estava relativamente assegurada» e que a ida ao mercado «foi tranquila», mas alertou que se torna cada vez mais difícil assegurar procura para a dívida portuguesa.
«Muito provavelmente, nos próximos leilões, a continuar esta tendência, arriscamo-nos a não ter quem procure o suficiente para aquilo que nós necessitamos», o que colocaria Portugal, afirmou, cada vez mais perto ou de ruptura de tesouraria ou de um pedido de ajuda externa.
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Leilão de dívida a 1 ano é «cadeira de pioneses»
- Redação
- LF
- 1 abr 2011, 15:17
Economista João Duque olha para as emissões como «uma política de financiamento de muito curto prazo que vai rebentar dentro de um ano»
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