Trabalhar «lá fora»: pela necessidade ou pela aventura. Veja aqui as soluções - TVI

Trabalhar «lá fora»: pela necessidade ou pela aventura. Veja aqui as soluções

Emprego

Com uma taxa de desemprego de 10,7 por cento, trabalhar no estrangeiro pode ser a solução. A feira de emprego está até sexta-feira, no Centro de Congressos de Lisboa

Bruno, Rúben e Rui conversam animadamente enquanto aguardam na fila pela abertura das portas da feira de emprego. Têm 23 anos e vêm da área das engenharias. Rúben está desempregado, os amigos já conseguiram emprego, mas, nada que os demova de abrir asas e voar até lá fora. Pela «aventura», diz Bruno.

Abrem-se as portas e os três amigos escapam-se para o auditório, para assistir à palestra «Trabalhar na Europa: por onde começar?». Há quem não tenha dúvidas por onde começar. Lara, de 36 anos, foi direitinha ao stand do Reino Unido, «por causa da língua». Desempregada há um ano, após reestruturação da empresa onde trabalhava, procura, com o 12º ano, trabalho na área da restauração ou da segurança e higiene, mas, «não me faço muito rogada». Até porque a idade «limita». Lara não se conforma: «Sinto-me válida, mas as portas começam a fechar-se».

Lara está sozinha. Uma excepção. A maioria vem em pequenos grupos. Elsa arrastou a prima. Tem 27 anos e «quase» duas licenciaturas. É uma enfermeira desempregada há cerca de dois meses e está a acabar o curso de comunicação social. Quer ir para fora por «duas coisas». Em Portugal é tudo uma «exploração» e, por outro, tem uma grande «vontade de viajar». Gostava de ir para «Amesterdão, Berlim ou Barcelona».

Sara Ribeiro, directora do departamento de emprego do IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional), chama a atenção para os países escandinavos, que estão a recrutar pessoal na área do apoio social e enfermagem, mas que, talvez pelo frio, não são tão «apetecíveis». A verdade é que os stands do Reino Unido e da Espanha são os que mais atenções concentram.

Elsa, tal como Bruno, Rúben e Rui, constituem o perfil clássico daqueles que procuram estas feiras. Sara Ribeiro confirma. A maioria dos que aqui vêm é jovem licenciada, «pelo espírito empreendedor e pelo risco». Mas, estes «Dias Europeus do Emprego 2010»podem ser diferentes, pela presença de ofertas no «sector da construção civil, que não é tradicional».

A construção civil não é a primeira escolha para os cinco da Amadora. Com idades entre os 21 e os 36 anos, apenas Adilson está empregado. Não foram além do 9º ano e as expectativas «são poucas». Adilson é também o único que tem experiência «lá fora» e, garante, «sei o que aquilo é». Já trabalhou nas obras em França, Espanha e Itália. Queria trabalhar na restauração ou na hotelaria, ou, como atalha José, «qualquer um, desde que ganhe para sustentar a família». Adilson reconhece que a coisa não está fácil, «é como Lisboa em hora de ponta, não vale a pena ir por outro lado».

Ou talvez valha. Depois de passar pelo stand da Suíça, já está mais animado. «Vamos a ver», responde Adilson com um sorriso. A Suíça procura trabalhadores na área da construção civil e, também, outro trabalho qualificado, como médicos e engenheiros, mas aí há um «grande problema»: poucos «dominam o francês e o alemão», explica uma das responsáveis.

Apesar da crise, Sara Ribeiro conta que a oferta de trabalho «é maior do que no ano passado». Esclarece que «ninguém sai dali com contrato de trabalho», mas, espera que «cerca de 200 ou 300 saiam com contactos efectivos». Recorda o sucesso que foi, no ano passado, a «pré-triagem» de «200 engenheiros nacionais para a Noruega» feita pelo IEFP. Frisa que a «mobilidade geográfica pode ser um caminho» para fugir à crise.

A taxa de desemprego, em Portugal, situa-se nos 10,7 por cento, a quinta maior da Europa , e o Governo prevê, no Orçamento do Estado para 2011, que esta vá subir para os 10,8 por cento . Mesmo assim, Lara diz-se «optimista». «É a pensar» nos filhos que procura um emprego no estrangeiro, mas «não quero pensar que não há futuro para eles no próprio país», remata, com os olhos ligeiramente molhados.
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