Corte de salários públicos só chega para pagar juros da dívida - TVI

Corte de salários públicos só chega para pagar juros da dívida

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Subida dos juros vai exigir a Portugal mais 808 milhões do que se previa no Orçamento

Todo o dinheiro que o Estado português vai poupar este ano à custa do corte de salários dos funcionários públicos e trabalhadores das empresas públicas só chega para uma coisa: pagar o aumento dos juros da dívida, também ela pública.

O facto de Portugal estar a pagar mais caro pelo crédito dos mercados vai o brigar-nos a pagar este ano mais 808 milhões de euros do que aquilo que se previa no Orçamento do Estado (6.326 milhões de euros), praticamente o mesmo que poupa com os cortes salariais ou o equivalente a 80% do aumento da receita decorrente da subida da taxa normal do IVA, escreve o «Público».

«No longo prazo, a situação é insustentável», considera João Duque, presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). Para o economista, Portugal «pode aguentar o sufoco dos juros até querer, mas depois ou aumenta em mais uns biliões a emissão de dívida para cobrir os custos ou toma mais medidas de austeridade». O limite será o dia em que os mercados deixarem de comprar as obrigações e os bilhetes do Tesouro nacionais

Filipe Silva, analista do mercado da dívida no Banco Carregosa, estima que, por cada meio ponto percentual que a taxa de juro das obrigações sobe, os custos que o Estado tem com a dívida aumentam em 600 milhões de euros. «Esta subida dos juros acabará, mais tarde ou mais cedo, por absorver o corte nas remunerações da função pública ou os ganhos do aumento do IVA», considera.

Para Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI, o nível das taxas médias de juro era já insustentável no ano passado. «Estamos com juros acima da nossa taxa de crescimento nominal, o que cria uma dinâmica inexorável de aumento da dívida pública», defende a economista.
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