TGV de ligação a Madrid é «ferrari ferroviário» - TVI

TGV de ligação a Madrid é «ferrari ferroviário»

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Eduardo Catroga critica Governo por antecipar investimento sem existirem garantias de procura e rentabilidade

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O economista Eduardo Catroga classifica de «ferrari ferroviário» a ligação de TGV Lisboa-Madrid, criticando o Governo por estar a antecipar um investimento sem existirem garantias de procura e rentabilidade que o justifiquem.

Intervindo na noite de quinta-feira na tertúlia «125 minutos com¿ Fátima Campos Ferreira», o ex-ministro das Finanças advogou que o Estado «não deve dar garantias» nem subsídios mas antes optar por um contrato de construção e exploração do TGV, transferindo o risco de tráfego para o concessionário e desonerando os contribuintes.

«Os contribuintes já têm de pagar a dívida actual directa e indirecta, os custos com o envelhecimento da população, o aumento das despesas de saúde, as pensões de reforma, ainda vão ter de pagar Ferraris ferroviários para ir para Madrid?», inquiriu Catroga.

«Quem quiser ir para Madrid de ferrari que pague o custo completo sem subsídios do Estado», defendeu o ex-ministro, numa tertúlia realizada no Casino da Figueira da Foz.

Em resposta a uma observação da jornalista Fátima Campos Ferreira de que o TGV, para além de pessoas, servirá para transportar mercadorias, Eduardo Catroga ripostou que as mercadorias «não aguentam pagar custos de Ferraris».

«Nas mercadorias não é importante a velocidade [de transporte], o importante é a regularidade, as mercadorias que vão por caminho-de-ferro tanto faz chegarem hoje como amanhã. Já viu alguma empresa, algum empresário, dizer que não exporta mais por Espanha ou França porque não há TGV? Nunca vi ninguém», disse citado pela Lusa.

Por outro lado, argumentou, nas linhas ferroviárias de alta velocidade na Europa «não funcionam mercadorias», frisando que Portugal desenvolveu a «teoria» do transporte de mercadorias porque não possui passageiros «para justificar o TGV».

«O TGV Lisboa-Madrid para equilibrar as contas precisa de seis milhões de passageiros por ano. Nós hoje temos um milhão e meio entre rodovia, ferrovia e transporte aéreo, seria preciso que este movimento actual fosse multiplicado por quatro e que o TGV tivesse 100 por cento de quota de mercado», explicou.
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