Contra-ataque: «Há mais bancos alemães que espanhóis em problemas» - TVI

Contra-ataque: «Há mais bancos alemães que espanhóis em problemas»

Economista Guillermo de La Dehesa lembra que FMI considera que mais de 70% do sistema financeiro espanhol «não precisa de ajuda»

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O sistema bancário alemão - que tem 1.500 entidades - tem mais entidades com problemas do que o sistema espanhol onde a grande maioria é capaz de se recapitalizar, afirmou o economista e empresário espanhol Guillermo de La Dehesa.

«Penso que se está a exagerar este problema dos bancos espanhóis», disse à Lusa o ex-secretário de Estado espanhol, atual conselheiro internacional do Goldman Sachs e presidente do Centre for Economic Policy Research (CEPR) de Londres.

De la Dehesa recordou que o próprio relatório do FMI sobre o estado de saúde do sistema financeiro espanhol «considerou que mais de 70% do sistema não precisa de ajuda».

«Não se pode dizer que em Espanha os bancos estão muito mal, se comparado com outros países. A Alemanha tem 1.500 entidades de credito, mil delas são do Estado e não são sequer notícia. Porque há suficiente poupança no país para as ajudar», afirmou.

Guillermo de la Dehesa falava à margem de um almoço-debate organizado pelo Círculo de Empresários Espanhóis e Portugueses (CEGEP), em Madrid, dedicado ao tema da «análise comparativa da situação económica atual em Portugal e Espanha».

O influente empresário e economista espanhol - que publica, regularmente, textos de análise sobre a situação económica europeia e espanhola - participou num encontro onde esteve ainda, entre outros, o embaixador de Portugal em Madrid, Álvaro Mendonça e Moura e o presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Faria de Oliveira.

Empresário confia: «Não haverá um resgate do país»

Questionado sobre o impacto do resgate europeu de até 100 mil milhões de euros à banca espanhola, o economista considera necessário saber «toda a condicionalidade» da assistência, tanto no que toca ao empréstimo ao FROB como dessa entidade espanhola aos bancos resgatados.

«Temos que conhecer os detalhes. Sabemos que é dívida do Estado e que os juros do empréstimo são défice, mas não sabemos nada mais», considerou.

«O positivo é que os juros estão baixos, mas falta saber quais as condições impostas aos bancos, a partir das condições que estão a impor a Espanha pelo empréstimo e por lhe dar um ano mais para cumprir o 3 por cento do défice», disse.

Apesar da pressão sob que está atualmente Espanha - com juros e o risco da dívida em níveis recorde - De la Dehesa mostrou-se confiante de que «não haverá um resgate do país».

«Os indicadores fundamentais não apontam isso. A nossa divida é baixa, de 70 por cento, o empréstimo levará a dívida aos 80 por cento mas ainda assim abaixo da média da Zona Euro», disse.

«Falar em resgate neste cenário seria ridículo», afirmou, considerando que, ainda assim, a UE não devia ter dado «respostas tardias e erradas, várias vezes seguidas» à crise que começou na Grécia, permitindo que se gerasse uma «espiral de desconfiança sobre como se gere a Europa» e isso «foi fatídico».

Comparando a situação económica entre Portugal e Espanha, na sua intervenção no almoço do CEGEP, o economista disse confiar que Portugal alcançará os 3 por cento de défice no próximo ano, algo que dúvida Espanha vá conseguir.

«Portugal e Espanha estão numa situação muito semelhante. A única diferença é que Portugal foi resgatado», disse.

«Mas Portugal é dado em Bruxelas como exemplo de tudo o que é precisão fazer-se. E mantendo a paz social. Vocês aguentam mais, muito mais que outros países da Europa. E isso é algo muito positivo para um país», considerou.
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