«Governo só fala em mais sacrifícios e isso não faz sentido» - TVI

«Governo só fala em mais sacrifícios e isso não faz sentido»

João Salgueiro

João Salgueiro diz que falta visão de futuro capaz de mobilizar os portugueses

O antigo presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) teceu várias críticas à forma como o Governo está a tentar resolver a atual crise, acusando o executivo de Passos Coelho de «estar a tomar decisões sem saber para onde vamos, qual é o futuro».

«O Governo só fala em mais sacrifícios e mais austeridade. Isso não faz sentido. É a mesma coisa que dizer a uma pessoa que vai correr a maratona que tem de se esforçar mais. Nada disso! É preciso é ganhar competências para ultrapassar os desafios», disse João Salgueiro na conferência O Estado e a Competitividade da Economia Portuguesa, uma parceria da Antena 1 e Jornal de Negócios, que decorre em Lisboa.

«Estamos a tomar decisões sem saber para onde vamos, qual o futuro e o caminho», criticou o ex-banqueiro, sublinhando a «gestão desastrosa» da Taxa Social Única: «Não percebo como se pode fazer uma apresentação daquelas. Temo que o IMI aconteça o mesmo».

João Salgueiro disse, mesmo, que as alterações ao IMI foram baseadas em «estudos feitos a martelo. O IMI está a ser tratado com ligeireza».

Para o responsável, «o Governo tem a firmeza para decidir os cortes», mas falha na comunicação e na «discussão de alternativas reais».

«Está ao nosso alcance [resolver a crise]. É preciso dizer às pessoas para onde se quer ir e mobilizar as pessoas para isso», rematou João Salgueiro.

Já à margem da conferência, aos jornalistas, o antigo responsável da APB esclareceu que «renegociar a dívida ou acabar com o programa de ajustamento» não são soluções. «A alternativa real é encorajar o investimento produtivo. Foi assim que fez a China e a Irlanda».

«Os empregos e o capital são infinitos se atrairmos o interesse de quem os tem», rematou João Salgueiro.

Questionado ainda sobre uma possível «ansiedade» do Governo por causa das eleições, o antigo banqueiro foi preciso: « O Governo não está ansioso, porque ninguém está ansioso para ir para o Governo».

Ainda na conferência, e questionado sobre a possibilidade de vender a Caixa Geral de Depósitos, o ex-presidente da APB foi claro: «Vender a CGD agora seria vender a preços de saldo». Seja ela de forma total ou parcial.

«Não conheço nenhum país onde a intervenção política seja evitada por interesses minoritários. Para isso, há a supervisão e a regulação. Não acho que seja um tema importante neste altura».

[Notícia atualizada às 16h00 com mais declarações]
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