Investimentos: vem aí uma nova «bolha»

Os mercados emergentes, com China, Índia e Brasil à cabeça, são a nova «coqueluche» dos investidores. Mas este pode ser sol de pouca dura. «Os mercados emergentes continuam a ser interessantes. Mas receio que estão prestes a representar uma bolha num futuro próximo», acredita Jean-François Canton, presidente da gestora de activos francesa Comgest.

«Há dez anos ninguém queria investir nestes mercados», começou por explicar Jean-François Canton. Já hoje em dia, a realidade é bem diferente: «Hoje há fundos que estão praticamente fechados a novos investidores, há muitas pessoas interessadas» o que pode gerar uma verdadeira «bolha» nesta área de investimento.

Para este especialista em fundos dos mercados emergentes, «grande parte das poupanças globais está centrada nestes países», ao mesmo tempo que «há uma especulação excessiva». Por isso, Jean-Francois Canton fala em «prudência».

China menos atractiva

Por exemplo, a China um mercado em crescimento por excelência, «está muito na moda», mas «já não tem a mesma atractividade» de outrora.

«Embora continue com um crescimento muito expressivo, as decisões, nomeadamente sobre políticas económicas, estão muito centralizadas no governo chinês», justificou o especialista.

Quer investir? Saiba onde

Por isso, Jean-Francois Canton aponta novas direcções: «África do Sul, México, Taiwan estão no topo das nossas escolhas, são mercados muito atractivos. Isto além da Índia e do Brasil, claro».

Se pretende alargar a sua carteira de activos, telecomunicações e tecnologia têm um futuro próspero assegurado já que, neste momento, são duas áreas «subestimadas». Também o ouro está no top das preferências do presidente da Comgest: «Nem com a desvalorização do dólar o ouro caiu, como seria espectável. Isto quer dizer que o ouro é um bom investimento».

Já as commodities são «um jogo muito arriscado». «Há muito dinheiro, não sei se são investidores ou pura especulação, em torno das commodities», disse , Jean-Francois Canton, dando o exemplo do petróleo: «Era suposto que cada barril ronda-se os 70 dólares, mas está acima dos 80 dólares. Há demasiada especulação aqui».

Recuperação das economias mundiais a caminho

Seja como for, a boa notícia é que, para Jean-Francois Canton, a retoma das economias mundiais vem a caminho. «Acredito que vamos ter boas notícias sobre os indicadores económicos nos próximos meses».

No entanto, há uma nuvem negra no horizonte: «Com a melhoria económica, vêm também mais dificuldades já que a tendência será para que os bancos centrais cortem os apoios».