«A República está a financiar-se ao dobro do que as famílias pagam nos spreads dos créditos à habitação. E com prazos mais curtos». A conclusão é de Paulo Macedo, vice-presidente do BCP e antigo director-geral dos Impostos, em declarações exclusivas à Agência Financeira.
«Os custos de financiamento subiram de forma exponencial. Há um mês, Portugal emitiu dívida com juros de 1,4%, um valor muito superior face aos spreads dos créditos à habitação», disse o banqueiro numa conferência sobre sistema fiscal em Lisboa.
Spread da dívida nacional bate recorde com tragédia grega
Um cenário negro que Paulo Macedo pintou com mais números sobre o futuro de Portugal: «As estimativas apontam para que o rácio da dívida pública seja de 84,6% do PIB no final de 2010, 91,1% do PIB já em 2011 e, se nada fizermos, será de 360% do PIB em 2060. É urgente reduzir o défice».
Neste sentido, Paulo Macedo foi claro: «Mais do que medidas adicionais o que me preocupa é a execução deste Programa de Estabilidade e Crescimento, que é muito ambicioso».
A meta é evitar mais «recados» dos mercados internacionais para que não subam os custos de financiamento acima dos que, «claramente, já estamos a viver».
Mas o caminho passará pelo aumento de impostos? «Eu acho que não. Eu defendo, antes, uma consolidação pelo lado do corte da receita. Mas, a consolidação tem de ser feita. Ou se faz a bem ou se faz a mal».
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Juros da República são o dobro dos juros das famílias
- Ana Rita Leça
- 22 abr 2010, 21:24
![Crise](https://img.iol.pt/image/id/11560745/1024.jpg)
Custos de financiamento subiram «de forma exponencial», reflectindo-se nos juros da dívida pública
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