Alemanha: dados sobre fuga ao fisco rendem 2 mil milhões - TVI

Alemanha: dados sobre fuga ao fisco rendem 2 mil milhões

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Informadores anónimos vendem às autoridades alemãs dados electrónicos sobre contribuintes que não pagaram impostos. Um deles vendeu informações de seis mil pessoas por cinco milhões de euros. Depois de pagamentos regularizados, Estado fica a ganhar

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A compra de dados electrónicos sobre fugas aos impostos a informadores anónimos vai render ao Estado alemão dois mil milhões de euros.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Fiscal, Dieter Ondracek revelou, esta quinta-feira, que só este ano, na sequência da aquisição de vários CD com informações sobre depósitos de contribuintes alemães em bancos no Liechtenstein ou na Suíça, houve cerca de 25 mil auto-denúncias, para evitar punições mais duras, que podem ir até penas de prisão.

Os casos que revelam uma clara fuga ao fisco estão assim sob vigilância apertada. Com os pagamentos regularizados, o Estado espera recolher 1,5 milhões de euros. As investigações já em curso contra outros prevaricadores renderão mais meio milhão de euros.

Um dos exemplos de maior sucesso nesta «caça ao fugitivo» foi apontado no semanário «Stern». Em entrevista, um informado, Heinrich Kieber vendeu às autoridades alemãs, há dois anos, dados electrónicos sobre fugas ao fisco de quase seis mil pessoas. Tudo por cinco milhões de euros.

Os dados foram copiados por Kieber quando trabalhava no banco LGT, do Liechtenstein, um pequeno país na fronteira com a Alemanha, Suíça e a Áustria, considerado um paraíso fiscal.

Este homem, que vive com uma falsa identidade e está sob a protecção dos serviços secretos alemães e norte-americanos revelou que vendeu os mesmos dados a 13 países.

Dos infractores, 1.400 são oriundos da Alemanha, mais de 700 da Suíça, 600 dos EUA, 450 do Reino Unido e 390 da Itália. Mas também há quem fuja ao fisco e tenha sido «apanhado» noutros países: 350 pessoas da Áustria, 280 do Canadá, 230 do Benelux, 195 da França, 195 da Escandinávia, 150 da Europa de Leste e 135 da América do Sul.

Nesta lista, figuram 46 pessoas «politicamente expostas». Kieber mostrou-se, por isso, surpreendido de, até à data, só uma personalidade pública ter sido condenada por crimes fiscais: o ex-presidente executivo da Deutsche Post, Klaus Zumwinkel.

Depois de as autoridades alemãs terem examinado o CD vendido por Kieber, o antigo gestor confessou a fuga aos impostos em grande escala, através do LGT. O homem foi obrigado a devolver ao Estado 3,9 milhões de euros, a pagar uma coima de um milhão de euros, e condenado a dois anos de prisão, com pena suspensa.
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