Espanha formaliza esta semana pedido de ajuda para a banca

Espanha deverá formalizar ainda esta semana o pedido de ajuda europeia à sua banca, de até 100 mil milhões de euros, segundo a imprensa espanhola citada pela Lusa.

Fontes do Governo espanhol, citadas na terça-feira por vários órgãos de informação espanhóis, confirmam que o pedido deverá seguir para Bruxelas previsivelmente na quinta ou sexta-feira, depois de ser conhecido o relatório de duas consultoras contratadas pelo Governo para avaliar o sistema financeiro.

O Governo espanhol pediu às consultoras Oliver Wyman e Roland Berger que analisem as carteiras de créditos da banca perante dois cenários - um em stress e outro com hipóteses macroeconómicas adversas, estudo que deverá ser entregue na quinta-feira.

A imprensa espanhola refere que continuam a decorrer negociações e análises sobre o modelo do programa de ajuda à banca, com o «El Mundo» a referir que a chanceler Angela Merkel quer obrigar o Governo espanhol a dar prioridade à devolução deste empréstimo face a outros credores.

No entanto, outros jornais referem que Bruxelas está a estudar a possibilidade de ampliar os prazos de devolução do resgate para aliviar a pressão sobre Espanha.

O objetivo é minimizar o impacto que o empréstimo europeu teria sobre a dívida espanhola, que deve subir o equivalente a 10% do PIB (num cenário de utilização dos 100 mil milhões de euros).

França e Alemanha pressionam prazos

O presidente francês, François Hollande, afirmou na terça-feira que a Europa fará tudo o que for possível para «apoiar a Espanha» na recapitalização do sistema bancário, mas exortou o Executivo de Madrid a pedir ajuda esta semana.

«Para nós, deveria fazê-lo esta semana», disse Holllande numa conferência de imprensa no final da cimeira do G20, garantindo que a Europa vai «ajudar com o mecanismo mais adequado» para recapitalizar a banca espanhola.

Também na terça-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, falou, num encontro com os jornalistas à margem da cimeira do G20, da necessidade de a Espanha solicitar ajuda para a sua banca para que se formalize o mais depressa possível.

O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, manifestou-se surpreendido com estas declarações e garantiu que «ninguém pediu para que a Espanha fizesse já o seu pedido de crédito».

«Somos os primeiros interessados em que isso se resolva com a maior celeridade possível», acrescentou. No entanto, reiterou que o pedido só seguirá depois de conhecidos os resultados das auditorias à banca.

«O que fazemos é negociar o memorando» que acompanhará o pedido de ajuda, declarou Rajoy, salientando que as condições dessa ajuda dependem do resultado das auditorias sobre as necessidades de capital da banca espanhola.

Rajoy acrescentou que essas auditorias são necessárias para se decidir se Espanha irá recorrer a um dos fundos de resgate europeus existentes «ou a outro instrumento distinto», sem especificar.

G20 apoia atuação do Governo espanhol

Declarações feitas no mesmo dia em que os líderes do G20 declararam o seu apoio «claro e firme» às políticas económicas do Governo espanhol e às propostas de avançar numa maior integração fiscal e financeira na zona euro, disse na terça-feira Mariano Rajoy.

O presidente do Governo espanhol referiu que o Governo «não vai abrandar na vontade firme de combater esta crise».

«Espanha atravessa a situação económica que todos conhecem. Muitos espanhóis estão a passar muitas dificuldades, muitos não encontram trabalho, muitas empresas com dificuldades», disse.

«O Governo está a fazer um grande esforço, a nível nacional e também fora de Espanha. A nossa política económica vai continuar. Vamos continuar com as reformas, não gastar mais do que temos, e apostar na maior integração fiscal e bancaria da Europa», acrescentou.