TGV vai parar? «Vamos provar que obra é importante para o país»

«O acordo PS/ PSD diz que serão reanalisadas as grandes obras, não iniciadas ou em fase inicial. A minha pergunta é clara: o troço Poceirão/Caia, que já está feita a adjudicação,já existe concessionário e estão feitas expropriações, pára ou continua?». A pergunta foi feita pelo líder do CDS, Paulo Portas, durante a discussão sobre o Orçamento do Estado para 2011.

Mas para uma pergunta «clara», uma resposta nublada: o TGV «é uma obra de enorme importância para a nossa economia. Cria emprego e dá oportunidades às empresas», reiterou José Sócrates.

E o primeiro-ministro adiantou: «Fizemos um acordo com o PSD que resulta de um compromisso. Faremos uma avaliação de todas as parcerias público-privadas, que inclui, com mais urgência, as grandes. Esta avaliação será feita para que não restem dúvidas sobre a análise de custo/benefício, para que não haja dúvidas que essa obra é importante para o país».

«Espero que a obra possa, no próximo ano, oferecer emprego, oportunidades e dar um estímulo ao crescimento», disse o primeiro-ministro numa demonstração da sua vontade para que o projecto prossiga.

Depois José Sócrates passou ao ataque: «Acho incrível que um deputado, que está sempre a falar de crescimento económico, tenha como única preocupação acabar com um projecto que tem como efeito o crescimento económico, o emprego e o desenvolvimento económico».

O primeiro-ministro «relembrou» então o lider do CDS da sua compra quando estava no Governo: os submarinos que «o Estado ainda está a pagar».

Paulo Portas contra-atacou: «Submarinos só no TGV são 15. Submarinos no BPN são 10. Submarinos nas parceiras público-privadas são 100, a frota total dos Estados Unidos».

Já à saída do hemiciclo, o primeiro-ministro reafirmou aos jornalistas as intenções do Governo sobre o projecto de alta velocidade: «Vamos reavaliar para confirmar a conclusão dos estudos que já foram feitos».

José Sócrates adiantou que o troço de TGV Poceirão/Caia ainda precisa do visto do Tribunal de Contas e de «trabalhos preliminares».

«É nesse período que se fará a avaliação - o acordo fala em avaliação urgente. O que nós fizemos, por sugestão do PSD, é concordar com uma avaliação genérica de todas as parcerias público-privadas para que fique claro que, entre custos e benefícios, teremos mais benefícios em todos esses projectos», reiterou o primeiro-ministro.



A proposta de Orçamento do Estado para 2011, acordada entre Governo e PSD, prevê a revaliação das parcerias público-privadas ainda não iniciadas ou em fase inicial, incluindo o TGV. Esta foi uma cedência do Governo para garantir a viabilização do documento por parte do PSD.