Bagão Félix desvaloriza projecções do FMI - TVI

Bagão Félix desvaloriza projecções do FMI

Bagão Félix

Ex-ministro das Finanças rejeita que Portugal seja factor perturbador do euro

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Bagão Félix desvalorizou esta quinta-feira as projecções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia portuguesa e rejeitou que Portugal seja um factor perturbador da Zona Euro.

«Não dou muita importância aos números do FMI porque prever 0,7, 0,4 ou 0,3% [de crescimento económico para os próximos anos] a esta distância é excelente para entreter os economistas, mas não é relevante. Evidentemente que o nosso crescimento vai ser muito débil, mas não é por mais ou menos uma décima que se pode pôr em causa as previsões do Governo», afirmou o ex-ministro das Finanças.

Para o economista, apesar da situação orçamental de Portugal e dos níveis de dívida pública e dívida externa, o país não representa um factor perturbador para a Zona Euro.

«Não me parece que um país - em termos da proporção do PIB (Produto Interno Bruto) no contexto da União Europeia - como Portugal venha a forçar essa situação. Os Estados Unidos, mesmo com Nova Iorque e Califórnia falidos, não puseram em causa o dólar».

Há razões para investidores estarem «preocupados»

Para Bagão Félix, as finanças públicas portuguesas dão razões aos investidores para estarem «preocupados», pelo que o Governo deve saber lidar «com essa matéria com delicadeza».

«Há 15 anos, 25 por cento da dívida pública era comprada por não residentes, em 2008 esse número subiu para 78 por cento. Ou seja, em cada 100 euros da dívida do Estado, 78 euros são detidos por não residentes, daí a grande atenção dos investidores estrangeiros a toda esta situação», reforçou.

Apesar de ter encontrado aspectos positivos no PEC, como as projecções macroeconómicas «prudentes e conservadoras», o economista é em geral muito crítico quanto ao documento. «Este PEC é muito concreto no aumento dos impostos, é relativamente vago na redução de algumas despesas e é completamente omisso quanto ao crescimento e a poupança, que é um elemento fundamental para o desenvolvimento do país».

Para fazer face à situação de Portugal, o antigo ministro defende um programa baseado em «3 pés dos problemas - défice, dívida e desemprego - e 3 dês dos desafios».

«Por muito que se façam grandes discursos ideológicos ou doutrinários para as soluções, não se pode fugir muito do «P» da produtividade, temos de trabalhar mais e melhor, «P» da Poupança, porque para nós consumir significa sobretudo endividamento externo e não mais produção no país, e «P» de procura externa, ou seja, só podemos avançar com mais exportações», rematou.
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