Perez Metelo: próxima tranche pode já não chegar no outono - TVI

Perez Metelo: próxima tranche pode já não chegar no outono

Perez Metelo

Comentador da TVI diz que Governo não pode manter-se na base da chantagem

A crise política portuguesa, desencadeada com a demissão do ministro e líder do CDS Paulo Portas, pode ter graves implicações económicas. De acordo com o comentador da TVI, António Perez Metelo, Portugal arrisca-se a viver uma situação como aquela que já ocorreu na Grécia, em que, por falta de condições políticas, a oitava avaliação da troika não seja concluída e a tranche não seja desbloqueada no tempo previsto.

Em declarações no «Jornal das 8», Perez Metelo diz que «pode acontecer em Portugal o que já chegou a acontecer na Grécia, que é não se fechar o 8º exame da troika e prolongar-se o exame, porque não há condições políticas em Portugal. Se assim for, não haverá libertação no outono de mais uma fatia de financiamento».

Perez Metelo não tem dúvidas que, no braço de ferro entre Portas e o primeiro-ministro, que recusou o seu pedido de demissão, as instâncias internacionais que integram a troika «estão com Passos Coelho».

Mas, para o comentador, o Governo não pode usar este argumento para pressionar o CDS, até porque «já disse que estava provisionado com todo o financiamento necessário até meados do ano que vem. Agora não pode invocar esse catastrofismo só porque no mercado secundário os juros escalaram 30 pontos. O impacto disso no custo de dívida é zero», lembrou.

«Do ponto de vista dos credores, é importante que o CDS clarifique a sua plataforma política e que o PS diga de uma vez por todas o que é a austeridade inteligente que defende».

O comentador começou por considerar que «estamos num momento de clarificação política» e que a nomeação de Maria Luís Albuquerque para ministra das Finanças «simboliza a continuidade da mesma política». Por isso, para o comentador, a demissão de Portas pode significar que «a linha que é suposto seguir-se daqui para a frente já não tem consenso na coligação do Governo».

«Pode ser uma divergência de fundo, de um dos partidos da coligação, que achou que, com a demissão de Gaspar, era o momento de fazer uma inflexão e mudar de política, para a segunda metade do mandato», considerou.

Neste sentido, para Perez Metelo, «não é possível manter o CDS no Governo na base da chantagem. Não se pode funcionar num Governo de coligação assim», defende.
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