Cenário negro: recessão alastra-se a 2013 - TVI

Cenário negro: recessão alastra-se a 2013

Dinheiro. Foto: Reuters

‎Vai ser ano de contracção e não de crescimento. Desemprego vai chegar aos 13,8%, indicam previsões de 30 economistas

É um cenário desolador aquele que é traçado por 30 economistas à agência Reuters sobre o futuro próximo de Portugal, mas também da Grécia e de Espanha, numa altura em que a espiral da crise da dívida parece estar cada vez mais fora de controlo.

Vamos aos números, alguns mais decepcionantes do que os do Governo e da própria troika internacional:

Portugal vai enfrentar, segundo estas seis mãos cheias de economistas, «a sua pior recessão desde o ano de 1970 no próximo ano». A contracção será de 2,9%, depois do abalo de 1,6% de 2011, em linha com as previsões do Governo (1,6% e 3%, respectivamente).

Mas o problema é que é para continuar em 2013, com um recuo de 0,9%. Aqui é que o cenário é completamente diferente das previsões do Governo, que pisca o olho a 2013 como ano do princípio do fim da crise, como o ano em que o país deverá começar a crescer.

Em matéria de desemprego, também não há volta a dar ao pessimismo. A média de respostas dos 30 economistas aponta para uma taxa de 13,5% em 2012 (as estimativas do Governo apontam para menos uma décima).

Porém, o pior será mesmo em 2013, com a taxa a disparar para os 13,8%. Um dos bancos que participaram nesta recolha de previsões, o Capital Economics, é ainda mais radical na sua previsão, projectando uma taxa de desemprego de nada mais, nada menos do que 17,5% nesse ano.

O ano em que, repita-se, o ministro das Finanças e outros membros do Governo esperam que represente já uma lufada de ar fresco na economia.

Pelas contas destes mesmos economistas, o défice ficará nos 6% este ano (mais uma décima daquilo que prevê o Governo), caindo para os 4,7% em 2012 (o Executivo quer que chegue aos 4,5%) e para os 3,5% em 2013, altura em que o país já deveria conseguir atingir a meta de 3% acordada a nível europeu - e que as autoridades políticas nacionais prometem alcançar.

País está por um fio e ainda pode ter de o esticar mais

O único sector que vai segurando a economia são as exportações, mas os especialistas alertam para a fragilidade com que se deparam se a crise da dívida se espalhar a sério para economias maiores como a vizinha Espanha.

Depois, admitem, as medidas de austeridade vão reduzir «drasticamente» o rendimento disponível das famílias portuguesas, com um aumento de impostos em toda a linha e com o corte dos subsídios de férias e de Natal para a Função Pública.

Alguns economistas não se mostram admirados com um cenário de austeridade reforçada e dizem mesmo que o Governo pode ainda ter de adoptar mais medidas, se vier a verificar-se algum deslize nas metas orçamentais. Ora esse risco é «grande», segundo a agência Fitch, que esta quinta-feira baixou o rating de Portugal.

Espanha

Para o país vizinho, o próximo ano não trará muito boas notícias: os especialistas contactados pela Reuters prevêem um crescimento nulo em 2012, bem abaixo da estimativa do Governo, que é de 2,3%. Terão de ser tomadas duras medidas de austeridade para que o país consiga cumprir os ambiciosos objectivos para o défice. 2013 será melhor, com uma escalada de 1,2% na economia. De qualquer modo, a taxa de desemprego deverá manter-se acima dos 20%.

Grécia

Atenas viverá uma recessão de 3% em 2012 e o crescimento será praticamente nulo em 2013. A taxa de desemprego continuará a bater recordes: pode exceder 18% no próximo ano e entre os jovens será muito maior (quase 44%).

Irlanda

Dublin escapa ao pessimismo. As perspectivas têm melhorado, esperando-se um crescimento de 1,6% este ano, 0,7% no próximo e 2% em 2013. De qualquer modo, as previsões destes economistas estão muito abaixo das do Governo irlandês que vê o PIB crescer, em média, à volta de 2,8% entre 2013 e 2015.
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