Euro: problemas são «teste duro» ao projecto europeu - TVI

Euro: problemas são «teste duro» ao projecto europeu

Moedas (Arquivo)

Para secretário de Estado dos Assuntos Europeus, apesar da crise que atravessa a moeda única, União Europeia não é posta em causa

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Os problemas com a moeda única são um «teste duro» ao projecto europeu mas não colocam em risco. É pelo menos esta a perspectiva do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, advogando a responsabilidade dos estados da Zona Euro na resolução da crise.

«Os problemas com a moeda única europeia não vão por o projecto europeu em causa, mas é um teste muito duro e exigente ao projecto», afirmou Pedro Lourtie em entrevista à agência Lusa, quando questionado sobre se os problemas atuais que o Euro enfrenta podem precipitar uma crise institucional.

Falando por ocasião dos 25 anos da entrada efectiva de Portugal na antiga CEE (Comunidade Económica Europeia), que se comemoram a 1 de Janeiro de 2011, Lourtie lembrou que a actual crise que afecta a união monetária não é apenas «um somatório de crises nacionais», mas também uma crise da Zona Euro.

«Os estados membros têm que fazer o seu trabalho, sanear as contas públicas e criar condições para um crescimento sustentável a longo prazo. [Mas] esta é também uma crise da Zona Euro, e tem que ter uma resposta da Zona Euro».

E a actual «crise das dívidas soberanas veio sublinhar algo que se sabia que existia mas que de facto não tinha sido corrigido», designadamente as «fragilidades institucionais e de governação da Zona Euro».

Apesar da nuvem negra que paira sobre o euro, Pedro Lourtie diz que a resposta europeia à crise durante este ano tem sido «positiva», embora «por vezes lenta», defendendo que «provavelmente precisará de ir mais além».

Importante, diz, é criar um pacto de estabilidade e crescimento dirigido também para as dívidas públicas, uma melhor supervisão macroeconómica e a criação de um mecanismo de gestão de crise e estabilidade.

O responsável pela pasta dos Assuntos Europeus defendeu que a UE é hoje «muito mais integrada, muito mais próxima e talvez por isso muito mais exigente» do que há 25 anos era a antiga CEE.

«O que estamos a ver com esta crise é que será necessário dar eventualmente outro salto para uma governação, para uma verdadeira união económica, para evitar que este tipo de crises se repita».

Para Lourtie, a UE será sempre uma União em que será necessário encontrar consenso entre os 27, mas advogou que mesmo quando não seja possível o consenso deve vigorar o «princípio da solidariedade entre os membros», e serem «ultrapassados os momentos de tensão - normais numa crise - e por vezes alguns impulsos nacionalistas e proteccionistas».

A UE enfrenta «grandes desafios nos próximos 25 anos», desde logo um que é derivado da globalização: a ascensão de países como a China, Índia ou o Brasil, cuja entrada na economia de mercado global provocou «grandes alterações na geoeconomia mundial».

«Muitos têm dito que com esta concorrência é difícil manter o modelo económico e social europeu. É evidente que o modelo tem que ser sustentado por crescimento económico e as condições para esse crescimento têm de ser criadas. Mas o grande desafio da Europa não é necessariamente alterar radicalmente o seu modelo, mas mantê-lo de forma sustentável no futuro».
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