Um estudante proveniente de uma família com um nível cultural elevado tem dez vezes mais oportunidades de chegar ao ensino superior do que os restantes, revela o estudo «Preferências dos Estudantes», citado pelo «Diário de Notícias».
O mesmo trabalho realizado por investigadores do Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES) refere ainda que os antecedentes culturais e económicos pesam decisivamente no tipo de curso que se consegue alcançar.
O curso de Medicina é disso exemplo: no ano lectivo 2004/05, 73,2 por cento dos alunos deste curso tinham pais licenciados. Pelo contrário, os cursos de Enfermagem e Tecnologias da Saúde (dos institutos politécnicos) revelam exactamente que 73 por cento dos agregados tinham um nível de formação inferior.
Além de influir na escolha do curso, o background social dos alunos influi ainda no tipo de profissão escolhida. A título de exemplo: 39 por cento dos alunos que optam por cursos de formação de professores (preparação para a docência) e 20 por cento dos que escolhem a gestão são provenientes de famílias com, no máximo, o primeiro ciclo de escolaridade,
Já os cursos de Direito (Ciências Humanas e Sociais), Belas-Artes e Ciências (incluindo Medicina) atraem sobretudo os filhos de famílias mais instruídas.
De acordo com uma das autoras do estudo, Diana Amado Tavares, os resultados permitem levantar a possibilidade de a nossa sociedade não estar «tão democratizada como julgamos».
A base de informação para este estudo foi as chamadas «fichas ENES», os questionários que todos os alunos preenchem aquando do ingresso no ensino superior e que até hoje não tinham sido tratadas.
«Tentámos encarar algum factor de distinção, mas o que se verifica é que, desde que os pais cheguem ao ensino superior, universitário ou politécnico, os filhos têm melhores oportunidades», conclui.
Filhos de licenciados têm mais oportunidades
- Portugal Diário
- 2 abr 2007, 09:31
73,2 por cento dos alunos de Medicina provêm de famílias instruídas
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