«O romance de Saramago não é contra Deus» - TVI

«O romance de Saramago não é contra Deus»

«José Saramago. A consistência dos sonhos»

Pilar del Río, mulher do Nobel da Literatura, escreve um texto de opinião esta quinta-feira no Diário de Notícias

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Chama-se Pilar del Río e mulher do Nobel da Literatura, José Saramago. Esta quinta-feira, num artigo de opinião publicado no «Diário de Notícias» fala sobre a obra «Caim».

«O romance de Saramago não é contra Deus. Lamento contrariar os que assim pensam», escreve a dada altura.

Nas primeiras palavras confessa que leu e releu a nova obra de Saramago e a «traduziu para castelhano». Para si é «uma fábula humana, tão humana que pensei que iria provocar perguntas humanas. Para minha surpresa, tal não aconteceu».

Lamenta mesmo que ninguém tenha «tocado» no essencial do livro: «O género humano não é de fiar». «Que atracção mórbida têm os homens para inventar, ao longo dos tempos, religiões terríveis que logo se escravizam?», continua no seu artigo.

E a dada altura pergunta: «Deus é de fiar? Deus não existe fora da cabeça dos homens, logo são os homens os que não são de fiar, nem eles, nem as suas obras. Filhos de dogmas e preconceitos, herdeiros de tradições sem sentido, de superstições e de medos, os homens não souberam aproveitar a modernidade para combater o descaramento do irracional».

Pilar del Río defende mesmo, a dada altura do texto, que «Saramago, na sua ficção, volta a escrever um ensaio sobre a cegueira, a humana cegueira que, para além de impedir a visão, impede que haja claridade no mundo, que este planeta perdido no universo seja um lugar sem luz e sem outros belos dons que nos fariam mais livres e felizes».
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