Alfarroba pode ser usada no tratamento do cancro - TVI

Alfarroba pode ser usada no tratamento do cancro

  • Portugal Diário
  • 27 fev 2007, 12:18

Investigadores acreditam que componentes do fruto podem combater radicais livres

Os extractos de alfarroba podem vir a ser utilizados no tratamento de doenças cancerígenas, potencialidade que está a ser investigada pela Universidade do Algarve (UALG) ao abrigo de uma parceria com o Parque Científico de Barcelona, noticia a agência Lusa.

A polpa, folhas e algumas partes da semente de alfarroba têm um potencial antioxidante muito elevado, semelhante ao do azeite e superior ao do vinho, o que leva os investigadores a acreditarem que os componentes do fruto podem ser úteis no combate aos radicais livres.

A alfarroba, também designada por «chocolate saudável» é utilizada em várias indústrias, nomeadamente na cosmética, alimentar e farmacêutica, mas apenas como espessante para dar forma a alguns comprimidos.

A sua eventual aplicação na produção de medicamentos pode demorar anos mas, segundo Anabela Romano, professora da UALG que está a acompanhar o projecto, os resultados preliminares do estudo são «promissores».

«Já conseguimos comprovar que os extractos de alfarroba inibem a proliferação de células cancerígenas», afirmou, sublinhando que estes são resultados preliminares e que não estão sequer publicados.

A alfarrobeira contém substâncias que já são aproveitadas na composição de alguns fármacos utilizados no tratamento da SIDA, cancro e doenças cardiovasculares, embora de forma ainda incipiente.

De acordo com Anabela Romano, muitos dos medicamentos usados no tratamento do cancro são produzidos com base em extractos vegetais e 35 por cento das drogas prescritas a nível mundial têm origem vegetal.

«Ainda estamos a averiguar a sua eventual aplicação na indústria médica e farmacêutica, mas pelo menos já sabemos tem uma acção anti-proliferativa quando colocada em contacto com células cancerígenas», observou.

Apesar de ser uma espécie com elevado interesse comercial e aplicada em várias indústrias pela sua escassa toxicidade, Anabela Romano considera que a alfarrobeira não está «totalmente explorada».

«O estudo tem também a vertente de valorização da espécie», conclui, lembrando que a alfarrobeira prolifera nos países do Mediterrâneo e que Portugal é o terceiro produtor mundial de alfarroba.

Antes deste projecto, Anabela Romano coordenou um estudo inovador de clonagem de alfarrobeiras, que permite o seu cultivo em larga escala e que despertou o interesse dos produtores da espécie.
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