Movimentações na banca e energia vão trazer novo ânimo ao mercado - TVI

Movimentações na banca e energia vão trazer novo ânimo ao mercado

  • Alexandra Ferreira
  • 30 set 2005, 19:03
Euronext (logo)

Movimentação é a palavra de ordem nos mercados de capitais, por cá e na Europa. A Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Gás Natural sobre a Endesa em Espanha foi só a ponta do iceberg naquilo que poderão ser uma série de operações que trarão de volta sal aos mercados de capitais. E diz quem sabe que «sempre que se entra numa fase de expectativa de concentração de sectores, é muito positivo para os mercados accionistas».

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A frase pertence a Digo Cunha, analista do Banco de Investimento Global, que vê com bons olhos o actual momento de bolsa que, no caso português, se reflectiu numa subida de 5,2% do PSI20 desde o início do ano.

A seguir à OPA espanhola, todo o sector de energia ibérico se movimentou para tentar salvar a ideia de um mercado ibérico de electricidade, para bem da manutenção de parâmetros razoáveis de concorrência.

A Galp tenta negociar com o Santander parte da Union Fenosa e juntar electricidade ao seu gás, depois de Bruxelas ter chumbado negócio semelhante entre esta e a EDP. Mas a ACS que leva a melhor, enquanto a Endesa pede ajuda a Bruxelas para vetar a OPA.

Em Portugal, o sector tenta arranjar uma solução para resolver o imbróglio entre a EDP, a Galp e a ENI, com o Governo a dar os primeiros passos no esperado plano de reestruturação energética. O que já se sabe é que REN e Galp entrarão em bolsa em 2006.

Seja como for, e antes, já Digo Cunha dizia que «a operação mais importante para o mercado português será a privatização da Galp porque representa um novo sector e um sector que tem estado com grande destaque. E certamente ia animar o mercado português de forma sólida».

Neste momento, acrescenta, «o mercado português está muito concentrado em 3 ou 4 empresas. Seria muito importante ter mais sectores representados». E será que a seguir vêm mais? «Já não há assim tantos anéis nos dedos do Estado, mas admito que sim. A REN por exemplo e uma ou outra privadas, mas não vou dizer nomes», diz o analista.

Consolidação chega à banca e promete valorizar acções

Fora do sector energético, fala-se na consolidação da banca. E aqui surge imediatamente o BCP, que, na semana passada, dá notícia da saída da Intesa, o, até então, maior accionista, e, simultaneamente, do reforço do Fortis Bank no capital do banco português, passando a ser o banco belga o maior accionista.

E também na banca a consolidação atravessa fronteiras. Segundo a Standard and Poors (S&P), 2005 marca o regresso em força da maré de Fusões e Aquisições (F&A) na Europa. Segundo Bernard de Longevialle, analista da instituição, «o processo de consolidação da banca está a ganhar dimensão, graças à tendência que se sente noutros sectores e à situação específica e actual dos bancos».

Mas, segundo o mesmo analista, esta «maré» de F&A não deverá continuar em 2006, sob pena das perspectivas para cada banco, individualmente, serem revistas em baixa. No curto prazo, serão os pequenos bancos a beneficiarem desta tendência».

Em termos de comportamento de acções, o analista diz que «as F&A são uma boa forma de gerar maiores ganhos por acção (EPS)», sobretudo as que «atravessam fronteiras», na medida em que daí resulta a «criação de bancos com negócios mais diversificados e melhor geridos».

E é a isso mesmo que assistimos, por exemplo em Portugal, com a aquisição do Banco de Investimento Imobiliário por parte do BCP, em Espanha com a aquisição do Abbey National pelo Santander ou em Itália, com a compra da Banca Nazionale del LAvoro pelo BBVA.

Não há falta de dinheiro mas medo de invetir

«Há excesso de liquidez na bolsa», diz um analista, que explica que esta situação se deve, em larga medida, «às baixas taxas de juro na Europa e nos EUA, no longo prazo».

«Normalmente este cenário reflecte-se sobretudo no mercado obrigacionista», ou seja, quando há muita liquidez, o investimento é canalizado para aí. Mas agora, diz o analista «esse excesso de liquidez foi libertado também para o mercado de acções por causa desta onde de consolidações do mercado».

A única coisa que falha nesta fotografia e que poderá travar maiores investimentos em produtos de risco como são as acções, é o facto da «economia europeia não estar tão dinâmica como se gostaria e haver alguns receios de que a economia norte-americana ceda perante os elevados preços do petróleo, apesar de agora ainda se manter bastante bem», diz o analista.
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