Energia positiva contra a gordura

O ministro da Saúde, Correia Campos, admitiu esta quarta-feira a falta de especialistas em comunicação no sector público, nomeadamente, à grande escala. Uma evidência para muitos, mas reconhecida por poucos.

A «fragilidade» apontada pelo ministro é sobretudo interna. «Temos muitas pessoas a trabalhar, mas no seu próprio gabinete. O sector público é frágil neste aspecto», disse o governante.

A falta de articulação entre ministérios ou entidades de um mesmo governo é há muito apontada como um dos cancros portugueses que impede o crescimento e a resolução de problemas estruturais. Correia Campos veio dizer o que muitos pensam, mas não só. Apresentou uma solução.

A parceria com a Galp na Plataforma Contra a Obesidade pode ser alvo de criticas pelos mais diversos motivos: «Vai toda a gente pensar que é uma campanha da Galp», poderá ouvir-se. Talvez venha a ser assim.

Mas mais do que quem lança o quê, o importante é passar a mensagem: a obesidade é uma doença e temos que nos mexer para a combater. Correia Campos percebeu que mais vale ser assim do que ficar tudo, mais uma vez, no papel. A Galp vai financiar um gestor que irá trabalhar exclusivamente com a Plataforma e gerir os vários intervenientes. Ao mesmo tempo a campanha irá estar em todos os postos da marca.

A Plataforma Contra a Obesidade tem o mérito de existir e de tentar fazer melhor. Mas pede-se mais. A «coragem» que o ministro tem em lançar uma campanha do ministério levada aos cidadãos através de bombas de gasolina não é a mesma que tem para enfrentar a industria alimentar e a publicidade.

As medidas de fundo como proibir determinados alimentos calóricos nas escolas ou não permitir anúncios de televisão em que um bom lanche é um chocolate, não são para agora. Talvez para mais tarde. Talvez para quando a obesidade for um problema de todos e já não «evitável».