Pelo menos sete pessoas estão desaparecidas em inundações causadas pela destruição parcial da barragem de Kakhovka, no leste da Ucrânia, disseram hoje as autoridades instaladas pela Rússia nas regiões ucranianas ocupadas.
"Agora estamos a procurar informações sobre desaparecidos. Sabemos ao certo" que sete estão desaparecidas, disse o autarca de Kakhovka.
As equipas de socorro estão no terreno e que o nível da água na cidade já começou a baixar, embora ainda seja "muito significativo", disse Vladimir Leontiev, de acordo com a agência de notícias russa Interfax.
Cerca de 900 pessoas foram retiradas da região de Kakhovka, incluindo 17 resgatadas de telhados, já que a água atingiu 12 metros de altura. As autoridades preveem que o nível da água comece a baixar dentro de três dias.
As autoridades ucranianas disseram estar a retirar mais de 17 mil pessoas das áreas afetadas.
"Mais de 40 mil pessoas correm o risco de estar em áreas inundadas. (…) Infelizmente, mais de 25 mil civis estão no território sob controlo russo", anunciou o procurador-geral ucraniano Andrey Kostin.
O chefe da administração militar da região de Kherson, Oleksandr Prokudin, disse que 1.335 casas foram inundadas durante a noite de terça-feira na margem direita do rio Dniepre.
"A situação mais difícil está a ocorrer no distrito de Korabelny, na cidade de Kherson. Até agora, o nível da água subiu 3,5 metros, mais de mil casas estão inundadas", disse, num comunicado, o vice-chefe de gabinete da Presidência ucraniana, Alexey Kouleba.
As evacuações vão continuar durante o dia e nos próximos dias de autocarro e comboio, disse Kouleba.
"Nesta fase, 24 localidades na Ucrânia foram inundadas", disse o ministro do Interior ucraniano, Igor Klymenko.
Em Genebra, a agência humanitária da ONU alertou que a destruição da barragem pode causar um desastre ambiental e "ter um impacto severo em centenas de milhares de pessoas em ambos os lados da linha de frente".
Na terça-feira, numa reunião do Conselho de Segurança da ONU, o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, indicou que já são evidentes as graves consequências da catástrofe para milhares de pessoas.
"A destruição da barragem é possivelmente o incidente mais significativo de danos à infraestrutura civil desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022", avaliou.
A barragem de Kakhovka é uma estrutura fundamental no sul da Ucrânia que fornece água à Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014.
Considerada no início da invasão como um alvo prioritário para os russos, esta barragem hidroelétrica no rio Dniepre está agora na linha da frente entre as regiões controladas por Moscovo e o resto da Ucrânia.