«Não sou nenhum serial killer» - TVI

«Não sou nenhum serial killer»

  • Portugal Diário
  • 3 jun 2007, 21:57
Cabo da GNR na reserva foi detido - Foto Lusa

António Costa, ex-cabo da GNR, acusado de assassinar três jovens diz, em entrevista, que está inocente e acusa o tio de uma das vítimas de ser o verdadeiro criminoso. O suspeito afirma ainda que foi torturado pela PJ. Julgamento começa esta segunda-feira

«Não sou psicopata, não sou nenhum serial killer e muito menos um tarado sexual». Foram estas as primeiras palavras públicas de António Costa, o homem acusado de ser o primeiro serial killer português e que é suspeito de ter assassinado três jovens suas vizinhas, em Santa Comba Dão. O julgamento será público e começa esta segunda-feira.

Em entrevista exclusiva à RTP, concedida no Estabelecimento Prisional de Santarém onde António Costa está detido preventivamente, o ex-cabo nega todos os crimes e «justifica» as provas recolhidas contra si. Nomeadamente, a confissão.

«Eu confessei para proteger a minha família. Fui ameaçado [de morte] com uma arma encostada à barriga», diz o alegado serial killer, que sustenta: «Foi o tio da Mariana, o Rogério» que terá assassinado as três jovens por razões passionais. António Costa diz ter descoberto que ele era o assassino antes da Judiciária. Alega ainda que o obrigou a confessar onde estavam os corpos, justificando assim o facto de saber onde estavam os corpos e de o ter revelado à Judiciária.

«Inspector apontou arma»

O suspeito dos homicídios explica que só confessou os crimes depois de oito horas de interrogatório na Polícia Judiciária. António Costa diz que foi «torturado» e «coagido» para o obrigarem a dizer «a verdade». Um inspector terá mesmo apontado a arma de serviço para o obrigar a falar.

Pedro Carmo, director nacional adjunto da Polícia Judiciária, admite a hipótese de processar o ex-cabo por difamação. Relembra também que o arguido confessou o crime na PJ e no dia seguinte perante a juíza de instrução criminal, já na presença da advogada de defesa.

Do processo constam também escutas telefónicas em que António Costa confessa os crimes, alegadamente, cometidos a familiares. O ex-cabo terá dito que «só as queria beijar» e que não sabe o que aconteceu. Noutro telefonema terá alegado que matou para não ser incriminado por coacção sexual. Na entrevista sustenta que quando saiu da PJ não sabia o que dizia.

O ex-militar da GNR diz também que não está a mudar a versão para desacreditar a acusação e afirma: «jamais acusaria alguém para eu ficar ilibado deste caso. Por dinheiro nenhum».

Sacos de ração

As vítimas foram encontradas embrulhadas em sacos de ração iguais aos que foram descobertos no seu barracão. António Costa diz que foi o tio de Mariana, segunda vítima, que lhos pediu «para ir às pinhas». Uma destas conversas terá sido presenciada pela mulher do arguido que confirma esta versão.

Quanto aos vestígios de sangue de Joana, a terceira vítima, encontrados no porta-bagagem do carro, o ex-cabo diz que emprestou o veículo ao tio de Mariana no dia em que ela desapareceu.

António Costa admite ter tido relações sexuais com Isabel, a primeira vítima, e ter contactado com as restantes vítimas. No entanto, afirma que nunca as viu nos dias em que foram mortas.
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