Venezuela: detido ex-ministro da Defesa

O ex-ministro venezuelano da Defesa, Raúl Isaías Baduel, um dos responsáveis pelo regresso de Hugo Chávez ao poder em Abril de 2002, foi detido esta quinta-feira por homens armados perto de casa, a 100 quilómetros a oeste de Caracas.

O procurador militar Ernesto Cedeño confirmou a detenção e explicou que o tribunal militar a ordenou por indícios de enriquecimento ilícito.

Em declarações à Lusa, Raul Emílio Baduel, filho do ex-ministro da Defesa, explicou que a detenção ocorreu cerca do meio-dia (17h30 em Lisboa) e que quatro horas mais tarde a família continuava a desconhecer o seu paradeiro.

«Presumimos que foram funcionários da DIM (Directoria de Inteligência Militar) que, apontando com armas curtas e largas, levaram sequestrado o meu pai. Presumimos que foi levado para Caracas, pese a que o procurador já disse que tinha uma ordem de detenção contra si, não sabemos mais nada dele», disse.

Explicou que os homens armados bloquearam a passagem e obrigaram o pai a descer do veículo, atemorizando a mulher.

Raúl Isaías Baduel está sob investigação por alegado uso irregular de recursos do Exército, quando era comandante das Forças Armadas Venezuelanas (Exército), o que está a ser analisado por um tribunal militar e sob o qual o general em diversas oportunidades manifestou publicamente não ter sido notificado para se pronunciar.

General na reforma e tido como homem de confiança do presidente Hugo Chávez, Raúl Isaías Baduel foi um dos responsáveis pelo regresso de Hugo Chávez ao poder, em Abril de 2002.

Em Julho de 2007, demitiu-se das funções de ministro do Poder Popular para a Defesa, defendendo que o socialismo do século XXI deveria ser democrático e distanciando-se do «capitalismo de Estado» e da ortodoxia marxista.



A 5 de Novembro desse mesmo ano, acusou o Parlamento e o governo de consumarem, «na prática, um golpe de Estado, violando de maneira descarada o texto constitucional e os seus mecanismos» e alertou para as consequências imprevisíveis do processo. Depois, o presidente da Venezuela acusou-o de lhe ter dado «uma punhalada» e de servir o imperialismo.

Vários deputados afectos ao regime do presidente Hugo Chávez congratularam-se com a sua detenção. A oposição questiona a medida e acusa o Executivo de promover «uma arremetida» contra os oposicionistas.