Holocausto: Dia da Libertação com muitos protestos - TVI

Holocausto: Dia da Libertação com muitos protestos

  • Portugal Diário
  • 26 jan 2008, 12:37
Novo Museu do Holocausto em Jerusalém

Comunidade judaica contra marcação de um desfile carnavalesco para o mesmo dia

A Alemanha comemora domingo a libertação dos prisioneiros do campo de concentração nazi de Auschwitz, em 1945, mas a evocação da memória das vítimas do Holocausto vai este ano decorrer no meio de protestos da comunidade judaica.

Um insólito incidente, a marcação de um desfile carnavalesco em Munique, capital da Baviera, para aquela data solene gerou protestos do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, que acusou os organizadores de «falta de sensibilidade», e os exortou a alterar a data das folias.

Museu do Holocausto de Jerusalém premiado

«A recordação não pode ter fim, e tem de servir para advertir as gerações futuras de que devem continuar vigilantes», disse há 12 anos o presidente alemão Roman Herzog, quando instituiu o 27 de Janeiro como Dia da Memória do Holocausto.

Os foliões bávaros, no entanto, não se deixaram comover pelos emotivos apelos da comunidade judaica, e mantiveram o seu desfile para 27 de Janeiro, alegando que todos os anos saem à rua em alegre cortejo no domingo anterior ao início do Carnaval. Só que desta vez o tal domingo coincide com as comemorações em honra dos seis milhões de judeus exterminados pelos nazis em campos de concentração.

Outro episódio, a inauguração, na quarta-feira passada, de uma exposição em Berlim sobre o papel da Deutsche Bahn (caminhos-de-ferro alemães) no transporte de prisioneiros para os campos da morte nazis, também deu que falar este ano.

Inicialmente, a administração da Deusche Bahn opôs-se à ideia de montar a referida exposição numa grande estação ferroviária, alegando «motivos de segurança». Mas a insistência da judia francesa Beate Klarsfeld, filha de judeus assassinados durante o Holocausto, acabou por dar frutos, e a exposição acabou por ser erguida.

Só que não foi na nova e grandiosa estação central de Berlim, como pretendiam os seus promotores, mas sim num piso intermédio da estação de Potsdamer Platz, onde será vista por muito menos gente.

A escolha do local deveu-se, segundo a Deutsche Bahn, a «razões de segurança», mas a justificação foi alvo de muitas críticas, e considerada pouco convincente.

A par destas dissonâncias, a Alemanha continua a punir severamente, com todo o peso da lei, os incorrígiveis que negam a existência do Holocausto, a saudação nazi ou a ostentação de símbolos nazis, que é proibida e dá lugar a processos-crime.

Recentemente, Sylvia Stolz, a advogada de um conhecido ideólogo neonazi, Ernst Zuendel, foi condenada a três anos e meio de prisão por ter afirmado na sala de audiência que Hitler foi «o redentor do povo» alemão, e que o Holocausto «não passa de uma mentira dos judeus para continuarem a escravizar os alemães».
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