Hotel onde está equipa da TVI confisca câmaras a vários jornalistas - TVI

Hotel onde está equipa da TVI confisca câmaras a vários jornalistas

Miguel Cabral de Melo

Condições de trabalho dos jornalistas no Cairo são cada vez mais perigosas, depois de vários terem sido agredidos, detidos e impedidos de trabalhar

O hotel onde estão alojados os enviados da TVI ao Cairo confiscou as câmaras de vários jornalistas que se encontram ali instalados, numa altura em que o trabalho dos repórteres que estão a cobrir a crise no país é cada vez mais perigoso de realizar.



«Nós já tínhamos recebido um pedido para não filmarmos a partir do hotel onde nos encontramos», disse esta quinta-feira à tarde o jornalista da TVI Miguel Cabral de Melo num contacto telefónico feito a partir da capital egípcia, em directo para a edição da tarde do TVI24, pouco depois das 16:00.

O repórter explicou que «várias câmaras de jornalistas foram confiscadas pela segurança do hotel», que alegou medidas de segurança para fazer esta exigência aos jornalistas.

A gestão do hotel pediu ainda para não ser identificado o nome da unidade, a localização, ou nomes de funcionários, além da recolha de imagens desde o seu interior, disse Miguel Cabral de Melo posteriormente ao tvi24.pt, salientando que as câmaras da TVI não haviam sido confiscadas até aquele momento.

Durante o dia, manifestantes pró-Mubarak concentraram-se à porta da unidade hoteleira com gestos intimidatórios em direcção aos jornalistas e ameaçando-os, com o intuito de os demoverem de noticiar os confrontos.

A agência EFE também noticia que apoiantes do presidente cercaram o hotel Ramsés Hilton, no centro do Cairo, à procura dos jornalistas estrangeiros que ali se encontram.

De acordo com o jornal «The New York Times», a agência noticiosa estatal egípcia, pediu a aos jornalistas estrangeiros para abandonarem todos os hotéis perto da Praça Tahrir, palco dos confrontos no centro do Cairo.

A situação na cidade continua muito instável . Desde esta quarta-feira registam-se violentos confrontos entre apoiantes do presidente Hosni Mubarak e os manifestantes que exigem a sua saída do poder.

O saldo de vítimas é, segundo as últimas informações oficiais do governo egípcio, de 13 mortos e mais de 1200 feridos.

A volatilidade da situação tem sido sentida por muitos dos jornalistas que se encontram a cobrir esta crise, que vai já no seu décimo dia.

Há informações de repórteres agredidos, detidos, condicionados e mesmo proibidos de realizar o seu trabalho. Um jornalista português ao serviço da Al Jazeera chegou a ser detido pelas autoridades , em conjunto com outros cinco jornalistas da estação na segunda-feira, tendo-lhes sido confiscado o material de trabalho.

Um dos últimos ataques visou dois jornalistas gregos, um deles apunhalado com uma chave-de-fendas numa perna.

A cadeia televisiva Al Jazeera, sedeada no Qatar, viu o seu sinal cortado no Egipto, as suas instalações no país foram encerradas e o canal não está a identificar o nome dos repórteres por questões de segurança, depois de vários terem sido detidos.

A direcção da Al Arabiya, outra televisão com bastante difusão no mundo árabe, também tem sido alvo de ataques por parte de defensores do presidente Mubarak, que diz terem destruído material à porta das suas instalações e feito ameaças de que «voltariam para destruir tudo».

A deterioração das condições tem atingido tanto os profissionais estrangeiros como egípcios. Uma proeminente pivô da estatal Nile TV, Shahira Amin, anunciou que se demitiu após ter sofrido pressões para difundir propaganda favorável ao regime de Mubarak e ter sido ameaçada de morte por contrariar estas ordens.
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