EUA: portugueses escravizados em lojas de donuts - TVI

EUA: portugueses escravizados em lojas de donuts

  • Portugal Diário
  • 19 mar 2007, 12:57

Milionário português e filha culpados de exploração de mão-de-obra ilegal

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José Calhelha, um português de 47 anos residente em Guilford, nos EUA, e a filha Diana, de 23, assumiram-se culpados por terem contratado emigrantes ilegais para trabalharem nas dez lojas da Dunkin¿Donuts que detinham no estado de Connecticut. A informação foi avançada pelo DN.

Apesar de serem milionários, pai e filha decidiram publicar em 2002, um anúncio num jornal português que recrutava jovens entre os 25 e os 35 anos, para trabalharem como «gerentes» nas suas lojas, prometendo nacionalidade americana.

Seis cidadãos portugueses responderam ao anúncio, em busca do sonho americano e acabaram por cair numa grande armadilha. Quando aterraram em solo americano, a filha do milionário português esperava-os, sem vistos.

Os portugueses não sabiam que iriam trabalhar 85 horas por semana, sem direito a folgas, a ganhar 250 dólares individualmente (cerca de 187 euros), e ainda obrigados a descontar dos salários para despesas com «advogados» com o intuito de tratar da legalização americana, o que se provou ser uma grande mentira engendrada pelo patrão português.

Inicialmente, os portugueses ficaram em casa de Calhelha, onde também chegaram a trabalhar para ele, além do trabalho fixo nas lojas Dunkin¿Donuts. Em 2003, foram obrigados a pagar um documento que o patrão assegurava ser um visto de legalização, mas que se veio a comprovar ser mais uma farsa do milionário.

Posteriormente, dois dos trabalhadores escravizados denunciaram o caso, de forma anónima, a uma televisão local. O escândalo chocou a comunidade portuguesa em Guilford, que tinha uma visão completamente oposta do bem sucedido milionário português.

Diana foi obrigada a pagar cem mil dólares (75 mil euros) aos portugueses explorados, tendo-se comprometido a efectuar trabalho comunitário, caso a justiça assim venha a declarar.

José Calhelha foi obrigado a vender as lojas, a penhorar a sua mansão avaliada em 2,2 milhões de dólares, juntamente com a sua colecção de carros antigos, no valor de 350 mil dólares, como forma de garantir que não vai fugir do país. Calhelha terá ainda de pagar um milhão de dólares (cerca de 750 milhões de euros) aos serviços de imigração.

A sentença de ambos está marcada para 23 de Abril, em New Haven. Ao terem-se declarado culpados, pai e filha evitaram o pagamento de multas ainda mais milionárias, assim como penas de prisão que poderiam ir até 20 anos.

José e Diana podem, agora, ser condenados a penas máximas entre seis e 16 meses de prisão.
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