«Eu era tão forte como ele»

Natascha Kampusch, a jovem de 18 anos que foi mantida presa na cave do seu raptor, afirma que nunca tratou Wolfgang Priklopil, o seu sequestrador, por «amo e senhor», embora ele quisesse. «Eu era tão forte como ele», afirma.

Num comunicado lido pelo seu psicólogo, a jovem pede «que a deixem sozinha durante algum tempo», acrescentando que o sequestrador «fez parte da sua vida». Embora consciente da comoção e interesse que a sua história provocou, afirma que não responderá a perguntas íntimas, pois «a sua intimidade só pertence a ela».

Quanto à morte de Wolfgang Priklopil, que se atirou para a frente de um comboio depois de a jovem ter fugido, Natascha diz que «a sua morte não foi necessária». O sequestrador «ora a tratava bem, ora a humilhava».

Sofrendo de Síndrome de Estocolmo, a jovem refere-se ao cubículo onde esteve encerrada como «o meu quarto», mostrando-se indignada por os media terem mostrado filmagens do mesmo.

Como Wolfgang não costumava trabalhar, ao acordar, Natascha tomava o pequeno-almoço com ele. De seguida, a jovem passava o dia a fazer a lida da casa, a ler, ver televisão, e a cozinhar, «sempre com medo da solidão». Natascha também conversava com o sequestrador, que decorou o seu «quarto» com ela.

A jovem reconhece que não teve uma adolescência normal, mas isso de certo modo ajudou-a, impedindo que «começasse a fumar, a beber e a conviver com falsos amigos».

Desde a sua descoberta, há 5 dias, a jovem já recebeu inúmeras ofertas para contar a sua história aos meios de comunicação, mas recusou. Acaba o comunicado afirmando que «tem muita a gente a cuidar dela». Acrescenta também que tenciona manter o contacto com a família, mas apenas por telefone.