Conflito israelo-palestiniano pode abrir portas do Conselho de Segurança a Portugal - TVI

Conflito israelo-palestiniano pode abrir portas do Conselho de Segurança a Portugal

Sócrates discursa na ONU

Canadá é o «adversário» na corrida. Alemanha deverá ter entrada fácil

Relacionados
Uma posição mais moderada em relação ao conflito israelo-palestiniano pode dar vantagem a Portugal sobre o Canadá na corrida ao Conselho de Segurança da ONU, de acordo com analistas ouvidos pela Lusa, que apostam numa entrada fácil da Alemanha.

«Seria uma enorme surpresa se a Alemanha não conseguisse ser eleita à primeira volta», na votação, em 12 de Outubro, para um dos dois lugares de membro não-permanente do CS no grupo regional «Europa Ocidental e Outros» para o biénio 2011-12, disse o analista Paulo Gorjão, do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS).

Se a Alemanha tiver garantido um lugar, o segundo será disputado por Portugal e pelo Canadá.

Segundo Gorjão, Portugal «tem apontado as baterias ao Canadá», salientando o facto de este país ter estado «já seis vezes no Conselho de Segurança», contra duas presenças portuguesas no principal órgão decisório da ONU.

Tem sublinhado também a decisão canadiana de cortar na ajuda ao desenvolvimento em África e este país terá, «em teoria, igualmente dificuldades junto dos países árabes» na angariação de votos, pelas posições assumidas na guerra do Iraque e aproximação a Israel.

«Portugal destaca neste capítulo as suas posições mais equilibradas na disputa entre Israel, a Palestina e os países árabes», afirma o investigador do IPRIS.

O mesmo considera o analista Jeff Laurenti, director dos programas de política externa da Century Foundation, que afirma que os muitos países que se interessam pelo conflito israelo-palestiniano «não quererão ver o governo de Netanyahu a ter dois votos automáticos no Conselho».

«O problema para os canadianos é que o governo canadiano se tornou partidário do governo de Israel, uma vez que o Conselho é um palco onde muita da angústia política sobre o Médio Oriente vem à superfície», disse à Lusa em Nova Iorque.

Apesar disto, Laurenti dá uma «ligeira vantagem» ao Canadá num cenário de disputa com Portugal, pela maior dimensão, maior historial de participação em processos de paz e missões de manutenção da paz.

Mas, sublinha, a questão da dimensão pode, para os votos de países pobres e pequenos, funcionar também como «vantagem sentimental» para Portugal, por ser um contrapeso à «voz do norte».

Para Paulo Gorjão, a eleição de Portugal «salvaguarda o direito dos pequenos Estados terem acesso ao Conselho», algo que «terá eco».

«Portugal pode contar com diversos votos na América Latina, vários votos em África por intermédio dos PALOP e do capital político que Portugal acumulou através da organização das duas cimeiras UE-África e no mundo Árabe e no Magrebe parece que podemos ter uma votação confortável», diz o analista português.

Se para Portugal uma derrota significaria a perda de um instrumento de afirmação internacional, o Canadá perderia também voz numa altura em que está envolvido na discussão do futuro formato do Conselho, que defende rotativo para os principais países.
Continue a ler esta notícia

Relacionados