«Para mim não há dúvida de que partilho uma culpa moral», declarou o antigo SS, de 93 anos.
«Peço perdão», disse. «Quanto à responsabilidade penal cabe-vos decidir», adiantou, dirigindo-se aos juízes.
O antigo guarda nazi tinha 21 anos e era um nazi entusiasta quando entrou para Auschwitz, em 1942. Ao contrário dos outros homens e mulheres das SS que trabalharam nos campos de concentração, Groening sempre falou abertamente sobre os tempos em que trabalho em Auschwitz.
Em várias entrevistas, o «contabilista de Auschwitz» explicou o que sabia sobre os crimes horrendos de que foi testemunha garantindo, no entanto, nunca ter matado ninguém e que por isso se considera inocente.
De acordo com os seus testemunhos, o trabalho de Groening em Auschwitz consistia em recolher os pertences dos deportados que chegavam aos campos de concentração. Depois de recolhidos os objetos de valor e qualquer nota bancária, os mesmos eram enviados para as oficinas centrais das SS, em Berlim, onde o dinheiro era utilizado para financiar a guerra.
«Com as suas ações, ajudou financeiramente o regime (nazi) e apoiou a sua campanha de homicídios sistemáticos», afirma a acusação.
Por sua vez, o advogado do «contabilista», Hans Holtermann, considera que as ações de Groening não fazem dele cúmplice dos homicídios e, até há pouco tempo, o sistema judicial concordava com ele.
Groening entrou no tribunal acompanhdo pelos seus advogados e deslocando-se com a ajuda de um andarilho. No tribunal estão ainda 67 sobreviventes e familiares de vítimas defendidos por 14 advogados.
O «contabilista de Auschwitz» incorre numa pena de três a 15 anos de prisão.