Fingiu ser negro para entrar na Universidade - TVI

Fingiu ser negro para entrar na Universidade

Vijay Chokal-Ingam (Twitter)

Homem de ascendência indiana está agora a escrever um livro em que revela os complexos problemas raciais na América

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Vijay Chokal-Ingam, irmão da atriz Mindy Kaling, afirmou que se fez passar por um jovem de raça negra para poder entrar na Universidade de Medicina. Está agora a escrever um livro em que revela a gravidade das experiências que viveu e a complexidade dos problemas raciais na América, de modo a «abrir os olhos» para a hipocrisia. 
Segundo o blog do jovem de ascendência indiana, o plano foi traçado em 1998 depois de perceber que não tinha notas suficientemente boas para poder entrar na Universidade de Medicina, sendo um jovem índio-americano. 

«Rapei a cabeça, cortei as minhas longas pestanas indianas e inscrevi-me na Universidade como se fosse de raça negra. A minha mudança foi tão surpreendente que até os meus colegas demoraram algum tempo para me reconhecer».

Para além da mudança de visual, também se juntou a uma organização de estudantes negros e usou o nome do meio que melhor se identificava com a raça negra, JoJo.

No entanto, nem tudo foi um «mar de rosas». 

«Polícias assediaram-me, empregadas acusaram-me de roubo, mulheres que tinham medo de mim e outras que não conseguiam estar longe de mim. O que começou por ser uma manobra desonesta de conseguir a admissão na escola, tornou-se uma experiência social».

O rapaz que se descreve como «um escritor profissional, professor de entrevista e consultor de graduação escolar», diz que o plano resultou e apesar de só ter conseguido uma nota média de 3,1 (em 5), foi bastante requisitado por escolas médicas superiores.

A «ação afirmativa» como  lhe chamou, tem sido notícia nos últimos anos, levando até o Supremo Tribunal em 2013 a afirmar que os programas de admissão deviam ser restruturados. No ano passado, sob impulso do mesmo, a Universidade de Medicina de Saint Louis removeu o uso racial como forma de admissão.

«Destrói milhões de sonhos de índios-americanos, asiáticos americanos e brancos que procuram trabalho e uma educação superior. Também cria estereótipos negativos sobre as habilitações académicas e capacidades profissionais de africo-americanos e profissionais espanhóis, que não precisam de uma assistência especial para conseguir competir com outros grupos maioritários»

Apesar das declarações de Chokal-Ingam, a Universidade de Medicina de Saint Louis- SLU,  garante que a raça nunca foi uma regra de admissão.

«As pontuações e a média preenchiam os critérios de admissão naquela época, na SLU, pelo que a sua raça e etnia não foi um fator de admissão na Universidade», afirma a porta voz da SLU, Nancy Solomon.

Tendo em conta as palavras de Solomon, nem todos aceitaram de bom grado a atitude do rapaz indiano. Há quem não perceba «Como é que Vijay contesta os benefícios da #affirmativeaction quando ele não conseguiu a admissão através dela na SLU» e até quem seja mais agressivo e lhe chame «idiota». Também a escritora e comentadora, Mary Elizabeth Williams deu o seu parecer: «Seja o que for que sintas sobre a ação afirmativa, vamos ter em conta que essa experiência pessoal aconteceu há uma década e meia - uma experiência que em ultima instância não levou ao dilúvio das cartas de aceitação – não é realmente um indicativo do atual estado de admissão das universidades».
 
Quanto à irmã, Mindy Kaling, atual estrela da série «The Mindy Project», está entre aqueles que «desaprovam fortemente o livro», que pensa «trazer vergonha para a família».
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