Cuba em silêncio após decisão da UE - TVI

Cuba em silêncio após decisão da UE

Cubanos fascinados com os telemóveis - Foto  EPA/ALEJANDRO ERNESTO

Porta-vozes da dissidência repudiam a decisão e dizem que sete opositores foram detidos esta sexta-feira

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O Governo de Cuba mantém o silêncio sobre o levantamento definitivo das sanções diplomáticas da União Europeia (UE) à ilha, enquanto porta-vozes da dissidência repudiam a decisão e sete opositores foram detidos hoje, escreve a Lusa.

Os diários oficiais Granma e Juventud Rebelde registam hoje, sem comentários, a decisão aprovada quinta-feira pelos ministros da UE sobre o que chamam «injustas medidas», impostas em 2003 depois da condenação de 75 dissidentes a penas até 28 anos de prisão em julgamentos sumaríssimos.

Ambos publicam a notícia datada de Bruxelas com idêntica redacção e nas páginas interiores, enquanto a televisão estatal informou brevemente da decisão que suscitou a reacção contrária dos Estados Unidos.

Em contrapartida, porta-vozes da dissidência reagiram com fortes críticas à decisão da UE, argumentando que as causas que levaram à aprovação das sanções em 2003 não mudaram e continuam na prisão 55 dos 75 condenados.

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Por sua vez, analistas em Havana salientaram que a UE colocou agora a bola «no campo cubano».

«O ponto de maior fricção com Cuba, que era este, já desapareceu da equação. Neste momento, os Estados membros (da UE) interpretam que a bola está no campo cubano e cabe agora a Cuba apoiar todos os que fizeram um esforço para convencer os seus parceiros», disse um observador, consultado pela Agência EFE.

Dois grupos do exílio cubano em Miami fizeram hoje ouvir as suas críticas. Carlos Alberto Montaner, presidente da União Liberal Cubana, disse ter preferido «que se mantivessem as sanções».

Salientou no entanto «que o compromisso alcançado é aceitável na medida em que defende claramente os direitos e um espaço político para a oposição democrática».

Irresponsável

Já Orlando Gutierrez, secretário nacional do Directório Democrático Cubano (DDC), qualificou a decisão dos 27 de «irresponsável».

Embora a curto prazo a decisão pareça ser uma «vitória para o Governo cubano, a longo prazo resultará numa derrota para o regime porque a UE reconheceu a oposição democrática como actores legítimos com os quais Cuba tem de lidar num diálogo com a UE», salientou.

Por seu lado, o Departamento de Estado norte-americano acredita que a decisão dos 27 pode dar a sensação de que se está a dar «legitimidade a um regime ditatorial (...) que a sua contínua opressão do povo cubano é agora mais aceitável do que o era antes».
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