Papa: o que destaca a imprensa argentina? - TVI

Papa: o que destaca a imprensa argentina?

Imprensa destaca homem a quem Kirchner chamou «o verdadeiro líder da oposição»

A imprensa argentina dá hoje grande destaque à eleição de Jorge Bergoglio como papa, notícia que «comoveu o país», mas também lembra a relação «áspera» de Néstor e Cristina Kirchner com o antigo líder da Igreja católica no país.

Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, foi hoje eleito como sucessor de Bento XVI, e será o 266.º papa da igreja católica. Na Argentina, que, pela primeira vez, vê um argentino chegar ao Vaticano, os jornais destacam esta eleição.

Na versão eletrónica do diário Clarín pode ler-se que a notícia comoveu aquele país e o mundo. No mesmo texto recorda-se que o hoje papa foi antes, «durante muito tempo», chefe da igreja Católica ali, e «teve uma relação áspera» com os governos de Néstor e Cristina Kirchner.

«O ex-presidente chegou a identificar o então cardeal-arcebispo como 'verdadeiro representante da oposição'. Na mesma altura, Bergoglio queixou-se das declarações de Kirchner», escreve o jornal.

A relação com Cristina Kirchner, que assumiu a presidência do país depois da morte do marido, Nestor, «foi mais cordial, mas com altos e baixos». O ponto mais tenso terá sido, de acordo com o Clarín, aquando das discussões sobre a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

«Bergoglio foi o rosto da marcha contra o casamento gay, e opôs-se rotundamente ao projeto que havia de tornar-se realidade», escreve o jornal.

Numa das suas últimas críticas a Cristina Kirchner, o então arcebispo de Buenos Aires chamou, numa carta, a atenção para a «destruição do trabalho digno, para as emigrações dolorosas e para a falta de futuro» no país.

A edição online do La Nacion escreve que Bergoglio é um «jesuíta de carreira», e descreve-o como «acérrimo opositor ao casamento 'gay' e ao aborto».

O mesmo jornal recorda que «a voz do ex-arcebispo de Buenos Aires teve sempre peso dentro da 'estrutura vaticana'», recordando os seus discursos mais polémicos, com «alusões à pobreza, à droga, à prostituição infantil, ao aborto, e ao matrimónio entre pessoas do mesmo sexo».

Ainda no La Nacion é possível perceber como Bergoglio passa de «rival» a sucessor de Ratzinger. Lê-se que, depois de, em 2005, o então arcebispo de Buenos Aires pediu, numa corrida renhida, depois da terceira votação, aos seus apoiantes que se abstivessem de elegê-lo. Fê-lo, lê-se, «quase em lágrimas».
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