Agentes da CIA vão a julgamento - TVI

Agentes da CIA vão a julgamento

  • Portugal Diário
  • 16 fev 2007, 13:23

Juíza de Milão leva à barra do tribunal suspeitos de rapto de ex-imã

Uma juíza de Milão decidiu esta sexta-feira levar a julgamento 26 norte-americanos, quase todos agentes da CIA, e cinco italianos, acusados de participação no rapto de um ex-imã egípcio em Fevereiro de 2003 em Milão (norte), noticia a agência Lusa.

Entre os acusados encontra-se o general Nicolo Pollari, antigo chefe dos serviços secretos militares de Itália (SISMI), Marco Mancini, ex-número um do serviço de contra-espionagem, Jeff Castelli, anterior responsável da CIA (serviços secretos norte-americanos) em Itália, e o seu homem em Milão, Robert Seldon Lady.

A juíza das audiências preliminares de Milão, Caterina Interlandi, marcou para 08 de Junho o início do processo.

Trata-se da primeira vez que um tão grande número de agentes norte-americanos é levado a julgamento num país aliado, segundo um especialista dos Estados Unidos.

Trinta e cinco pessoas no total são acusadas, 32 por rapto e três por cumplicidade.

A acusação alega que cinco responsáveis dos serviços secretos italianos cooperaram com os norte-americanos - quase todos agentes da CIA - no rapto do suspeito de terrorismo Osama Moustafa Hassan Nasr, aliás Abu Omar, numa rua de Milão a 17 de Fevereiro de 2003.

A CIA recusou comentar o caso.

Pollari, o único arguido que apareceu na audiência preliminar, insistiu que os serviços secretos italianos não tiveram qualquer papel no alegado rapto e disse que não se podia defender convenientemente porque os documentos que clarificam a sua posição estão excluídos do processo por conterem segredos de estado.

O único norte-americano que não é um agente da CIA é um oficial da Força Aérea dos Estados Unidos na altura colocado em Aviano.

Nasr foi alegadamente transportado de carro para a base aérea de Aviano, perto de Veneza, depois por ar para a base aérea de Ramstein, na Alemanha, e posteriormente para o Egipto, onde ficou detido e diz ter sido torturado.

Libertado domingo pelas autoridades egípcias, Abu Omar anunciou a intenção de apresentar queixa contra o ex-chefe do governo Silvio Berlusconi "pela sua implicação no rapto enquanto chefe do governo (na altura dos acontecimentos) e por ter permitido à CIA" capturá-lo, para obter uma indemnização de 10 milhões de euros.

No entanto, o governo italiano apresentou um recurso ao Tribunal Constitucional considerando que o Ministério Público excedeu o seu direito ao realizar escutas telefónicas a membros do SISMI ou apreender documentos destes serviços, infringindo assim competências do executivo.

Se o Tribunal Constitucional validar o recurso, o que pode acontecer a partir da próxima semana, segundo os meios de comunicação social, o processo sofrerá atrasos.
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