Economistas alertam para tempos difíceis - TVI

Economistas alertam para tempos difíceis

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Ferreira do Amaral e Miguel Frasquilho sublinham que este ano «será pior do que 2007»

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Os economistas consideram que 2008 será um ano complicado e instável para os mercados financeiros. A verdade é que os investidores estão cada vez mais receosos face à possibilidade de uma crise na economia norte-americana, que acaba sempre por se arrastar a toda a Europa. A Agência Financeira falou com especialistas e a opinião é unânime: os tempos que aí vêm não vão ser fáceis.

Para o economista João Ferreira do Amaral, os indicadores dizem que as perspectivas não são boas, «nem para a economia mundial, nem para Portugal», quer em termos de mercados financeiros, «quer em termos da evolução do preço do petróleo», sublinhou à AF.

Sentimento dos investidores está em queda livre

Além disso, o também professor universitário lembra que a queda do dólar «perturba sempre a competitividade das empresas, em particular da Zona Euro». Por isso, antevê «tempos difíceis», piores mesmo do que os que se viveram no ano passado.

Ferreira do Amaral considera ainda que, no velho continente, os juros já deviam ter descido. «Se a Fed (Reserva Federal norte-americana) sempre vier a baixar a taxa de juro antes do final do mês, então inevitavelmente o BCE (Banco Central Europeu) também terá que o fazer», acrescentou.

Bancos portugueses sofrem por arrasto

Mais há mais: para o economista, o anúncio do corte de 20 mil empregos por parte do Citigroup teve «impacto», dado que, se tal vier mesmo a acontecer, reflecte instabilidade e mostra que a vida do banco «não é muito favorável».

Quanto às instituições financeiras portuguesas, «a margem de manobra não é muito grande» até porque «acabamos por ser sempre atingidos pelo que se vive lá fora». A única defesa é «a maior ou menor solidez de cada um», sendo que do ponto de vista nacional «não há grande hipótese de se escapar a um problema externo», diz Ferreira do Amaral.

Já quanto ao comportamento do PSI20, não se podem prever as cotações, mas «a incerteza é muito grande».

Fed deve baixar taxas antes do fim do mês

Quem também concorda com esta tese é o economista Miguel Frasquilho que refere à Agência Financeira que os indicadores avançados por algumas instituições nos Estados Unidos têm ficado abaixo do esperado. Por esta razão, «as perspectivas também não são as melhores» para a maior economia do mundo e, por acréscimo, também «não serão boas para nós».

Para o deputado do PSD, 2008 «já começou mal» e vai ser um ano complicado: «Acho que a primeira metade do ano será mais instável do que a segunda, pois as medidas que terão que ser tomadas levam tempo», nomeadamente a descida das taxas de juro por parte da Fed.

Na opinião de Frasquilho, a Reserva Federal vai mesmo baixar as taxas de juro no fim do mês, ou ainda antes, pelo menos em meio ponto percentual. Mas o deputado salienta que dava uma grande ajuda a esta decisão, «se os resultados recentes das empresas e as perspectivas fossem boas».

Quanto às notícias de corte de pessoal no Citigroup, Miguel Frasquilho considera que são «reflexo da economia real e da crise do subprime que se vive nos Estados Unidos», sublinhado ainda à AF que «é de se esperar muitas decisões desse género» naquele país. Até porque esta quarta-feira o JP Morgan anunciou resultados abaixo do que se esperava.

O economista é mais optimista no que diz respeito ao sentimento nacional: «Se, por um lado, é preocupante o arrastamento dos mercados por efeito de contágio», por outro, a situação dos bancos nacionais «não me parece ser muito preocupante».

Quanto ao PSI20, Frasquilho diz que pode vir «a cair mais por arrastamento de outros mercados». Este ano será também pior que 2007, devido à crescente volatilidade, à incerteza e aos riscos que se aproximam.
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