BPI/BCP: Fusão explicada a todos - TVI

BPI/BCP: Fusão explicada a todos

BCP

Se o BCP aceitar a proposta de fusão do BPI vai nascer um novo banco em Portugal, o Millennium BPI.

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Será, porventura, o maior banco nacional e o sexto ibérico. Mas tal como o presidente do BPI, Fernando Ulrich ontem frisou, não se trata de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), nem sequer uma oferta pública de troca. O que existe aqui é uma fusão entre duas instituições, pelo que o processo é «bem» diferente.

A questão que se coloca agora é se qualquer outro banco pode avançar com uma OPA ao BCP. E nada o invalida.

Apesar do BPI ter sido o primeiro, outra qualquer instituição poderá avançar com uma Oferta, até porque essa hipótese (o interesse de bancos estrangeiros no BCP) já tinha sido veiculada na imprensa ainda esta semana. Depois de ter sido confrontado, Ulrich diz que jamais avançaria com uma OPA sobre o BCP nesta altura, mesmo que a fusão falhasse. Mas a verdade é que no caso de outro banco avançar, Ulrich não se fica por aqui e admite mesmo lançar uma OPA, mas desta vez, concorrente.

Agora o tempo é de espera, até porque a decisão final cabe ao BCP. O conselho de administração do actual maior banco privado está ainda a analisar a proposta de fusão apresentada pelo BPI, apesar de hoje haver rumores de que o fundador do banco, Jorge Jardim Gonçalves, apoia esta fusão, tendo inclusivamente já contactado accionistas nesse sentido.

Mas para o processo seguir em frente, é essencial que os responsáveis dos dois bancos cheguem a acordo e que 75% do capital do BCP aceite a proposta. A resposta será válida até dia 15 de Novembro, mas o mercado aguarda que o BCP não deixe tudo para o último dia. No caso de não haver acordo, a proposta de fusão morre, nessa mesma altura.

Mas há mais. A proposta o BPI determina como termo de troca da fusão a entrega de 0,5 acções da instituição que resulta da fusão por cada título do BCP, isto é, quem tiver 1.000 acções do BCP vai ficar com 500 acções do Millennium BPI. Mas ainda algo pode ser alterado por parte do BPI, inclusive o rácio de troca.

Se, pelo contrário, houver acordo de fusão entre os dois bancos, as administrações terão de elaborar um projecto novo, que exige obrigatoriamente novas condições, participações cruzadas no capital das instituições e medidas de protecção dos direitos de terceiros não sócios a participar nos lucros da sociedade.

Mas isto não é tão simples como parece. O projecto de fusão terá de ser submetido à aprovação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), visto que ambas as instituições são cotadas na bolsa. O Banco de Portugal e a Autoridade da Concorrência também têm uma palavra a dizer, tal como na passada OPA que o BCP lançou sobre o BPI, em Março do ano passado.

Espera-se também por um prenúncio dos accionistas, que será numa próxima Assembleia-geral. As duas instituições deverão, por isso, convocar as respectivas AG, 30 dias depois da respectiva convocatória.

Uma das principais dúvidas dos leitores será e agora? O que vai acontecer às acções? E aqui a resposta é simples. Para já, tudo deve permanecer na mesma. No entanto, a médio-longo prazo a operação vai exigir mudanças. Do ponto de vista patrimonial tudo, por agora, deverá ficar «neutral», embora os preços possam se alterar.

O que é certo é que se o novo banco surgir, (Milennium BPI) ficará cotado em bolsa, tal como está agora o BCP e o BPI. O seu capital será representado por um total de 2.565.664.784 acções, já dizia ontem a carta enviada ao BCP.
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