O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social disse esta terça-feira desconhecer a existência de maus-tratos ou abusos na Casa Pia de Lisboa, a propósito das recentes denúncias nesse sentido da ex-provedora da instituição Catalina Pestana, noticia a Lusa.
«Não tenho nenhum alerta, denúncia concreta, nenhuma prova, nenhum sinal que continuem a existir situações de maus-tratos ou abusos na instituição», afirmou Vieira da Silva à Rádio Renascença, à margem da conferência «Emprego na Europa - Perspectivas e Prioridades», realizada em Lisboa, por iniciativa do Ministério do Trabalho, no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia.
O governante não quis comentar a entrevista de Catalina Pestana ao semanário Sol, na qual a antiga provedora da Casa Pia alerta que ainda há abusadores na instituição, mas disse esperar que toda a verdade seja clarificada.
Do que o ministro do Trabalho e Solidariedade Social não tem dúvidas é em manifestar total apoio à actual provedora, Joaquina Madeira, e a toda a administração da Casa Pia de Lisboa.
«Gostava de expressar a minha confiança que a Casa Pia tem a capacidade de prevenir a existência de práticas que devem, de todo, estar afastadas de qualquer instituição e, em particular, de uma instituição com esta responsabilidade», sublinhou.
Para o ministro do Trabalho, é evidente que as crianças e jovens da Casa Pia têm necessidades particulares e, por isso, a instituição tem meios e uma estrutura mais forte, de acordo também com o site na Internet da Rádio Renascença.
«Continuam a usar miúdos da Casa Pia para abusos sexuais»
A ex-provedora da Casa Pia, Catalina Pestana, afirmou sexta-feira, em entrevista ao semanário Sol, não ter «dúvidas nenhumas de que ainda existem abusadores internos» na instituição e que terá participado as suas suspeitas ao procurador-geral da República (PGR).
Na entrevista, a ex-provedora adianta, também, que tem «fortes suspeitas de que redes externas continuam a usar miúdos da Casa Pia [de Lisboa] para abusos sexuais».
Catalina Pestana, nomeada provedora nos finais de 2003, após ter rebentado o escândalo de pedofilia com alunos da instituição que está em julgamento no Tribunal do Monsanto, em Lisboa, com sete arguidos, afirma que um dia antes de abandonar o cargo, a 10 de Maio deste ano, enviou uma carta ao PGR a «contar detalhadamente» as suas suspeitas.
«Sei que ele mandou abrir um inquérito porque já fui ouvida», garantiu. «Não sei o que aconteceu entretanto, mas espero que, com a mesma frontalidade com que o senhor procurador diz que o Código de Processo Penal tem de ser alterado, também não deixe ficar esse inquérito no fundo da gaveta», acrescentou.
A Procuradoria-Geral da República confirmou na própria sexta-feira à agência Lusa a abertura de um inquérito-crime após uma participação da ex-provedora da Casa Pia Catalina Pestana sobre novas situações de abusos sexuais na instituição.
«O procurador-geral da República recebeu a queixa da doutora Catalina Pestana e ordenou a abertura de um inquérito», garantiu à Lusa fonte do gabinete de Pinto Monteiro.
Casa Pia: Vieira da Silva desconhece abusos
- Portugal Diário
- 9 out 2007, 17:33
«Não tenho nenhum alerta, denúncia concreta, nenhuma prova», disse o ministro
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