Aquecedor terá originado fogo - TVI

Aquecedor terá originado fogo

Incêndio em apartamento de Cascais (foto de Miguel Brito)

Cascais: Chamas terão começado na sala devido a um aquecedor. Vítimas foram encontradas na cama. Bombeiros só foram chamados depois de o fogo estar por toda a casa. Socorro foi «adequado», mas incêndio era «invulgar»

O incêndio que vitimou duas mulheres deficientes, este domingo, no prédio perto de Trajouce, no concelho de Cascais, terá começado na sala, a meio da casa, e terá sido causado por um aquecedor. O caso está em investigação, mas ao que o PortugalDiário apurou estes são os primeiros indícios recolhidos no local.

As duas vítimas, de 34 e 50 anos, foram encontradas deitadas na cama. O alerta para os bombeiros só foi dado quando a mãe de umas das vítimas chegou a casa e não conseguiu abrir a porta. «Quando foi accionado o primeiro pedido de socorro já as chamas estavam por toda a casa», explicou o comandante Pedro Araújo, dos Bombeiros Voluntários da Parede.

«Dentro da habitação havia muita carga térmica, como vestuário, móveis e revistas que terão levado à rápida propagação das chamas», esclareceu o responsável que classificou o incêndio deste domingo como «invulgar». «Nem todos os anos há um incêndio desta dimensão e com estas características. Foi um trabalho difícil especialmente devido à carga térmica, que levou à intensidade das chamas, e ao tempo decorrido até ser dado o alerta», explicou.

A incapacidade das duas mulheres poderá ter contribuído para o desfecho trágico. «O facto de as vítimas não terem mobilidade e não terem dado conta das chamas terá tido influência. Se assim não fosse, o desfecho teria sido diferente», acrescenta.

Populares atacam bombeiros

A actuação dos bombeiros no combate ao incêndio foi posta em causa pelos populares. O tempo de resposta, os meios direccionados para o local e a alegada falta de água das bocas-de-incêndio lançaram a indignação a quem presenciou o incêndio.

«O alerta foi dado para um cidadão que ligou para o 112, que através do CDOS encaminhou o alerta para nós. Do local saiu um veículo de reconhecimento e uma ambulância, conforme determina a grelha de alarme. Demoraram nove minutos a chegar. Uma vez no local foi reconhecida a dimensão do incêndio e solicitados mais meios», explicou o comandante.

A actuação dos bombeiros foi limitada por um problema com as bocas-de-incêndio. As mangueiras dos carros de socorro são ligadas às bocas-de-incêndio através de uma peça, chamada castelo. «A peça partiu-se, o que impediu a utilização daquela boca. Foi necessário deslocar o veículo para junto de uma outra. Os populares ao constatarem a inutilização assumiram a falta de água, no entanto, isso nunca aconteceu».

«É legítimo a indignação da população já que nestes momentos um minuto é uma eternidade. O sentimento de impotência apodera-se e é necessário atirar culpas. No entanto, o socorro foi o adequado», considerou o comandante Pedro Araújo.
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