Rock in Rio Lisboa: o melhor ficou para o fim - TVI

Rock in Rio Lisboa: o melhor ficou para o fim

Bruce Springsteen e a sua E Street Band protagonizaram o melhor concerto de um festival que recebeu 353 mil pessoas

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Por vezes há coisas que parecem destinadas a acontecer de forma tão perfeita como nos filmes. O Rock in Rio Lisboa 2012 teve o seu final feliz na madrugada desta segunda-feira com aquele que foi o melhor concerto do festival. Bruce Springsteen e a sua E Street Band deram uma verdadeira lição de como atuar perante uma plateia de 81 mil pessoas.

Já passava da meia-noite quando o público, que preencheu as colinas do Parque da Bela Vista, pôde finalmente celebrar o regresso a Portugal do «Boss». Os 19 anos volvidos desde o concerto no antigo Estádio de Alvalade parecem só ter feito bem ao músico norte-americano, que na Cidade do Rock mostrou como se faz. Dedicação, entrega, muita energia e a dose certa de êxitos foram os ingredientes desta receita de sucesso.

As mais de duas horas de concerto arrancaram com os dois principais temas do novo álbum, «We Take Care Of Our Own» e «Wrecking Ball», e desde cedo se percebeu que não eram só os fãs que traziam a lição bem estudada, cantando letras antigas e mais recentes. Líder em palco como já quase não se fazem e comunicador nato, Springsteen tratou de tentar falar à plateia num português arranhado, mas percetível.

«My City of Ruins», canção «sobre as coisas que ficam para sempre», viveu da pujança e alma de uma voz negra saída do corpo de um já sexagenário branco que há quarenta anos personifica o norte-americano trabalhador e idealista.

Depois de incursões para bem junto dos fãs das primeiras filas em «Spirit In The Night», Bruce Springsteen «roubou» dois cartazes dos fãs para fugir ao alinhamento planeado e responder aos dois primeiros pedidos da noite: «She's The One» e «I'm On Fire».

Em «Waitin' On a Sunny Day», o músico contou com a pequena ajuda de uma criança convidada a subir ao palco para cantar o refrão num momento desafinado mas enternecedor. Já «We Are Alive» serviu para passar uma mensagem de esperança a todos os que têm perdido empregos e casas com a crise financeira mundial.

Durante cinco minutos, todos foram norte-americanos de gema na celebração de «Born in the USA» e, a partir daí, a corrida até ao final do concerto foi sempre em crescendo. «Born To Run», «Glory Days», «Hungry Heart» (novo pedido de cartaz) e «Dancing in the Dark» provaram que ainda havia forças de um lado e de outro para festejar como se não houvesse amanhã (muito menos uma segunda-feira de regresso ao trabalho).

Depois de «Tenth Avenue Freeze-Out» e já com o fogo de artifício final da praxe, ainda houve tempo para mais um improviso: «Twist And Shout», dos Isley Brothers, tornou ainda mais mágica a despedida a um espetáculo pelo qual valeu esperar tantos anos.

Antes do «Boss», o último dia do Rock in Rio Lisboa comemorou mais uma vez as eternas canções dos Xutos & Pontapés. De «Contentores» a «Para Sempre», passando por «Não Sou o Único» e a inevitável «Minha Casinha», a banda que é considerada prata da casa do festival justificou o seu lugar e animou os milhares que cresceram (e envelheceram) com a sua música.

Na memória ficaram também os concertos das duas bandas britânicas que abriram o Palco Mundo este domingo. Primeiro os Kaiser Chiefs, que à falta de uma corrente constante de eletricidade (que temas como «I Predict a Riot» e «Ruby» têm, mas que «Kinda Girl You Are» e «Listen To Your Head» nem tanto), conquistaram a atenção geral do público com as habituais diabruras do vocalista Ricky Wilson.

Se o ano passado, no Optimus Alive, o músico inglês saltou do palco para uma banca de cerveja, desta vez, e tal como o baixista Simon Rix tinha «avisado» em entrevista ao IOL Música, Wilson fez questão de experimentar o slide, «voando» os 150 metros enquanto cantava «Take My Temperature».

Quanto aos James, velhos conhecidos do público português com mais de trinta anos, o grupo de Manchester entregou-se de corpo e alma numa atuação com pontos altos em «Laid» e «Sit Down».

Cinco dias e 353 mil visitantes depois, o 5º Rock in Rio Lisboa despediu-se. Até 2014.
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